Cabelos longos ou curtos? Na Antiguidade havia quem os quisesse longos, enquanto outros gostavam de tê-los bem curtos. Questão de gosto e costume, sim, mas era, também, questão de conveniência na guerra. Barbas e cabelos longos podiam ser desvantagem em um combate corpo a corpo.
Glorificando as virtudes de Teseu, herói ateniense, Plutarco explicou, em Vitae parallelae: "Todos os rapazes daquele tempo, no momento em que deixavam de estar sob a disciplina dos mestres, o que acontecia por volta dos quatorze anos, tinham por tradição o dever de ir a Delfos e, em seu templo, oferecer a Apolo o primeiro corte dos cabelos, como um sacrifício de agradecimento. Seguindo o costume de seu lugar de nascimento, Teseu foi a Delfos e lá cortou os cabelos, mas apenas aqueles que ficavam na parte frontal da cabeça [...]" (¹). Portanto, meninos gregos usavam cabelos longos, mas, logo que chegavam à idade militar, deviam cortá-los e, religiosamente, oferecê-los a Apolo.
Deixando de lado o que pode haver de lendário na história de Teseu, é inegável que o costume grego de que rapazes cortassem os cabelos em Delfos, oferecendo-os a Apolo, encontra eco na tradição romana de que os jovens, no dia em que deixavam de usar a toga pretexta, passando a vestir a toga viril, oferecessem os fios da primeira barba que faziam em um templo, queimando-os sobre um altar. Passavam, nessa ocasião, a ser reconhecidos como homens adultos, o que incluía, ao lado dos privilégios inerentes a um cidadão romano, o dever do serviço militar.
Alexandre, o Grande (³) |
(1) PLUTARCO. Vitae parallelae. Os trechos citados nesta postagem foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(2) Ibid.
(3) HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 60. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(3) HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 60. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
Teseu, pelos vistos, adaptava a tradição ao seu próprio gosto.
ResponderExcluirMuito sangue deve ter escorrido nas faces dos homens daquele tempo. :)
Tenha uma boa semana, Marta :)
Fico imaginando o aspecto dos sobreviventes ao final de uma batalha. Devia ser lamentável, ainda que motivo de orgulho para os vencedores.
Excluir