terça-feira, 25 de setembro de 2018

Prova de revezamento praticada por indígenas

Provas de revezamento são emocionantes. Os melhores e mais velozes atletas são selecionados para compor cada equipe, e cuidado especial é dado ao treinamento para a passagem do bastão que, em competições oficiais, tem cerca de 30 cm de comprimento e massa de 50 gramas. O menor erro pode ser catastrófico: até os atletas mais experientes acabarão derrotados se não houver perfeição na transferência do bastão ou, se, por infelicidade, um membro do time deixar o bastão cair, perdendo tempo precioso para recuperá-lo. 
Pois bem, meus leitores, indígenas do Brasil tinham também uma competição de revezamento (¹), para a qual se preparavam com pinturas corporais feitas com urucum. A prova que realizavam os índios conhecidos como "barbados", habitantes do Maranhão, tinha caráter esportivo, ainda que a principal finalidade fosse exercitar os homens para que, em caso de guerra, pudessem exibir a melhor forma física. Lembremo-nos, de passagem, que havia um objetivo semelhante nos jogos olímpicos dos antigos gregos, fato que explica a natureza das competições então realizadas. Mas voltemos à prova de revezamento dos ameríndios, assim descrita pelo padre José de Moraes na História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará, ao afirmar que o grupo em questão era composto por "guerreiros, exercitando-se uns com outros em exercícios de trabalho e experiências de forças, como é carregar aos ombros de uma para outra parte pesadíssimos troncos de palmeiras, e na mesma velocidade da carreira passarem-nos aos dos companheiros, com tal destreza, que embora ofendam aos ouvidos com o desentoado dos gritos, não deixam de agradar aos olhos com este seu jogo da barra, pela ligeireza aonde melhor experimentam as suas valentias [...]". (²)
Sutil diferença: de um bastão de 30 cm para um tronco de palmeira... Considerando um e outro caso, a intersecção talvez esteja no entusiasmo dos competidores e da torcida.

(1) Fica aqui uma palavra de apoio e estímulo as jogos e competições ainda realizados por povos indígenas.
(2) MORAES, José de S.J. História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará. Rio de Janeiro: Typographia do Commercio, 1860, p. 389. 


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