quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Como os comandantes romanos marcavam o tempo

Vivemos amarrados à marcação do tempo - cada vez mais precisa e, em certo sentido, escravizante. Mas nem sempre foi assim. Milésimos de segundo? Há alguns séculos isso não faria o menor sentido. Que dizer, então, de relógios que tinham um único ponteiro, o das horas? Voltando no passado, chegaremos aos dias em que os relógios já não tinham ponteiros: conforme a cultura, podiam ser de areia, de água, de sol... E não exatamente portáteis.
Assim é que, na Antiga Roma, uma das funções de um comandante militar de respeito era saber determinar as horas com exatidão, para que os movimentos das forças sob sua autoridade fossem corretos. Os métodos aplicáveis, de acordo com Políbio de Megalópolis (¹), um grego que viveu entre os romanos, eram estes:
"É possível saber as horas do dia através da sombra (²), do movimento do sol ou pelos marcos existentes nos caminhos (³). Quanto às horas da noite, não há a mesma simplicidade, embora ainda assim seja possível, quando se examina o céu para saber a localização e movimento das constelações do Zodíaco." (⁴)
Os céus da Antiguidade deviam ser esplendorosos - nada de poluição de qualquer tipo para impedir a observação das estrelas, e, se bem que, vez ou outra, uma tempestade de areia (em algumas regiões) e/ou a nuvem resultante de alguma erupção vulcânica pudessem empanar o brilho dos corpos celestes, em uma noite clara haveria muito mais estrelas visíveis do que hoje, quando as luzes urbanas fazem concorrência desleal. Em tempos de paz, era possível admirar o céu com um olhar sonhador. Na guerra, perscrutar o movimento das estrelas talvez ajudasse a vencer o inimigo.

(1) c. 203 a.C. - 120 a.C.
(2) Como acontece em um típico relógio de sol.
(3) Presumindo-se o tempo geralmente gasto para que uma determinada distância fosse percorrida.
(4) O trecho citado da História de Políbio de Megalópolis foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.


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4 comentários:

  1. Marta,
    Tenho a convicção de que, por melhor que fosse o estudioso dos astros, no momento da decisão teria ser o pensamento interior: que os astros estejam comigo.

    Abraço :)

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    1. Sim, supersticiosos como eram os antigos romanos (mas não só eles)...

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  2. Esse é ainda um sonho meu não concretizado: um dia sentir-me esmagada perante um céu estrelado. Tenho que rumar a lugares do planeta menos urbanizados, claro.
    Abraço

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    1. Já tive ocasião de ver céus espetaculares muitas vezes. Em algumas delas, contando até com um telescópio. Há poucas coisas, de fato, que podem ser comparadas a uma noite bem escura, de céu limpo, longe das luzes de centros urbanos, em silêncio quase absoluto e em boa companhia.

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