Se havia uma coisa, nas primeiras décadas do Século XX, que toda família com algumas posses queria ter, isso era um gramofone. Soava maravilhoso - e não é redundância e nem trocadilho - ter um desses aparelhos que permitiam ouvir música a qualquer hora e quantas vezes se desejasse, sem ser preciso saber tocar ou cantar, ou mesmo sem ter alguém por perto que tivesse esses talentos.
A sociedade de consumo, como hoje a entendemos, ia em formação e, no dizer de Lima Barreto, até mesmo o Mandachuva da Bruzundanga (¹) tinha afeição pelo gramofone: "Para distrair-se, o esclarecido Mandachuva compra um bom gramofone e instala no palácio um cinema". Em tom saudosista, o mesmo autor acrescentou: "É conveniente lembrar que, nesse mesmo palácio, ao tempo em que a Bruzundanga era um Império, executores famosos no mundo inteiro tinham tocado obras-primas musicais, ao violino e no piano. Houve progresso..." (²). Pode-se lamentar que Lima Barreto não tenha dito quais eram as músicas favoritas dopresid..., não, do Mandachuva da Bruzundanga. Seria um gosto tomar conhecimento dessa informação.
Mas, feita a compra do tão desejado gramofone, onde colocá-lo? Este anúncio (³), publicado na revista O ECHO em outubro de 1916, oferecia uma solução:
A sociedade de consumo, como hoje a entendemos, ia em formação e, no dizer de Lima Barreto, até mesmo o Mandachuva da Bruzundanga (¹) tinha afeição pelo gramofone: "Para distrair-se, o esclarecido Mandachuva compra um bom gramofone e instala no palácio um cinema". Em tom saudosista, o mesmo autor acrescentou: "É conveniente lembrar que, nesse mesmo palácio, ao tempo em que a Bruzundanga era um Império, executores famosos no mundo inteiro tinham tocado obras-primas musicais, ao violino e no piano. Houve progresso..." (²). Pode-se lamentar que Lima Barreto não tenha dito quais eram as músicas favoritas do
Mas, feita a compra do tão desejado gramofone, onde colocá-lo? Este anúncio (³), publicado na revista O ECHO em outubro de 1916, oferecia uma solução:
Justiça seja feita: a mesma revista, na mesma página em que publicou o anúncio de mesas para gramofone, trouxe outro, de uma empresa que comercializava partituras para piano. Por que, afinal, ouvir e tocar não poderiam coexistir?
(1) Não do Brasil!...
(2) LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Os Bruzundangas.
(3) O ECHO, Ano XV, nº 4. São Paulo, outubro de 1916. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
Veja também:
Marta, no calão português, e para que conste, conjuga-se muito o verbo gramar. Que, curiosamente, poderá ter significados opostos, como aturar ou gostar. Vejamos dois exemplos:
ResponderExcluir- Bolas, vou ter que gramar isto! (aturar)
- Uau, gramo mesmo isto! (gostar)
Será que, em ambos os casos,tem a ver como se encarava a entrada em cena do gramofone?
Fique bem :)
Não tenho certeza, mas acho que vem do grego γραμμα, que é carta ou texto escrito. Gramofone, portanto, seria um texto falado, ou que se pode ouvir. De qualquer modo, o "grama" lusitano parece encantador, e acho que o tal aparelho, para quem vivia no começo do Século XX, soava maravilhoso, apesar do ruído que caracterizava as gravações da época. É bem possível que os que vierem no futuro considerem horrível e decepcionante o modo como hoje gostamos de ouvir música.
ExcluirLembro-me que os meus avós tinham uma mesa dessas em casa, mas não sabia que era para colocar o gramofone!
ResponderExcluirBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Haha, há muito tempo vi algumas dessas, mas também não sabia que eram para gramofone, até porque, nesse tempo, os gramofones já eram coisa de museu. Só depois é que vim a saber.
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