Já pensou em escrever seu próprio epitáfio (¹), leitor? Não, não pare de ler. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis, escrevendo pelo autor-defunto ou defunto-autor, observou, a propósito de um funeral:
"Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou."
Se você, como Brás Cubas, também gosta de epitáfios, provavelmente irá notar, na eventualidade de um passeio por algum cemitério antigo, que algumas lápides têm expressões um tanto curiosas. E, por suposto, será difícil encontrar alguma que detrate a imagem daquele ou daquela que ali foi sepultado(a). Poucas serão comparáveis, porém, ao teor desta lápide (²), que consta ter existido no Século XIX, em um cemitério no norte da Inglaterra:
Observe que, depois dos elogios de praxe, quem passa e lê é informado de que a viúva continua a administrar o estabelecimento comercial da família. No auge do requinte, há uma recomendação para que o endereço não seja esquecido. Quem já viu alguma coisa parecida? Seria mesmo de arrancar um sorriso a Max Weber!... (³)
(1) Não, senhores, que ninguém venha com aqueles versos de Bocage, que este aqui é um blog muito sério.
(2) SAMPSON, Henry. A History of Advertising. London: Chatto and Windus, 1874, p. 531.
(3) Para quem não se lembra, Max Weber é o autor de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Veja também:
Marketing num epitáfio... Priceless. Louvo a capacidade de inovação essa senhora.
ResponderExcluirBeijinho
Ruthia d'O Berço do Mundo
Haha, isso é que é não perder uma oportunidade para fazer bons negócios...
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