A dificuldade existe desde tempos imemoriais - como descobrir se alguém acusado de um delito qualquer é ou não culpado?
Da Mesopotâmia de uns mil e setecentos anos antes de Cristo veio o Código de Hamurabi, segundo o qual o denunciado devia ser jogado no rio Eufrates. Se sobrevivesse, era declarado inocente. Se não... Se não, era considerado culpado, já estava, de todo modo, morto e, como vantagens adicionais, poupava aos magistrados o trabalho da execução e lançava a responsabilidade da sentença sobre as águas do rio ou sobre os deuses.
Os saxões que, durante a Idade Média, foram migrando da Europa Continental para a Grã-Bretanha, tinham um método para determinar a culpabilidade que lembra um pouco a "lógica" do Código de Hamurabi. Como verão, senhores leitores, o procedimento era bastante simples.
Uma bola de ferro era aquecida, até que ficasse incandescente. O acusado era então trazido à presença dos magistrados, sendo por eles convidado a segurar a dita bola de ferro. Se não sofresse qualquer queimadura, era declarado inocente e, ato contínuo, posto em liberdade. Antes dessa horripilante prova o acusado ou acusada tinha um tempo apropriado para jejuar e fazer suas orações, o que era, afinal, uma evidência de grande humanidade e justiça, não é mesmo?
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Bem, Marta, ninguém é detentor da verdade, mas, com métodos assim, ela era sempre arremessada para debaixo do tapete.
ResponderExcluirJá nos tempos que decorrem, quem tiver dinheiro para contratar um bom advogado fica, seguramente, mais perto da verdade. ;)
Uma boa semana :)
Hahaha, acho que aqui podemos considerar duas possibilidades:
Excluira) Os saxões acreditavam realmente em algum tipo de julgamento divino para dirimir a dúvida;
b) Acreditando ou não, arranjaram um método que livrava os juízes da responsabilidade por uma eventual injustiça.
Acho que essas duas possibilidades são complementares. É evidente que tal método jamais teria uso em sociedades democráticas, mas o estudo de seu procedimento acaba sendo útil para que vejamos de que coisas, afinal, a humanidade é capaz.
Tenha uma ótima semana, também...
Conhecia o Código de Hamurabi, mas não esse costume dos saxões. Na verdade, estavam em perfeita sintonia com a Idade Média, da Inquisição, que também possuía métodos nada ortodoxos para julgar e arrancar confissões. Milhares de mulheres acusadas de bruxaria se calhar preferiam morrer afogadas a passarem pelas horripilantes conversas que tiveram com os seus acusadores.
ResponderExcluirBeijinhos Marta, uma linda semana primaveril
Ruthia d'O Berço do Mundo
O problema é que o uso da tortura em interrogatórios não ficou restrito à Idade Média. O Brasil tem, nesse sentido, um histórico recente nada recomendável, mas, por suposto, não detém o monopólio.
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