sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Elementos totêmicos nos estandartes dos exércitos da Antiguidade

Bandeiras nacionais geralmente são desenhadas para representar o que um país tem de melhor. São uma expressão de orgulho patriótico. Espera-se que isso seja compreendido pelos cidadãos, ainda que nem sempre esteja, em um piscar de olhos, ao alcance de estrangeiros.
O hábito de ter algum tipo de estandarte à frente dos exércitos vem da Antiguidade, mesmo se levarmos em conta que, naqueles tempos, a forma retangular não exercia, como hoje, um predomínio quase absoluto. A presença simbólica de representações de animais era, no entanto, bastante comum. Já em nossos dias, o uso de elementos totêmicos diminuiu muito, ao menos nas bandeiras nacionais. Não se pode dizer o mesmo em relação às bandeiras de clubes de futebol ou de outras modalidades esportivas...
Sem gracejos, leitores. Vamos adiante, lembrando apenas, como exemplificação, a importância das águias nos estandartes romanos, ou dos bodes nos da Macedônia, tão celebrada pela rapidez de suas conquistas sob Filipe e, principalmente, sob Alexandre. Pensando bem, talvez valha a pena dissecar este segundo exemplo.
A coisa é um tanto lendária, mas, com o objetivo de mostrar que sua monarquia era de origem grega, diziam os macedônios que, ao tempo das grandes migrações em território grego e adjacências, um grupo de pessoas deixou a cidade de Argos em busca de um novo lar. Pondo em prática uma das superstições favoritas da época, consultaram um oráculo, que lhes fez uma estranha recomendação (era sempre assim), a de seguirem a direção que as cabras iriam mostrar. Enquanto prosseguiam em sua peregrinação toparam com um rebanho de cabras, foram atrás delas, acharam uma cidade, a qual conquistaram, e, subjugando seus habitantes, deram início ao reino da Macedônia. Aliás, a cidade conquistada, Egas, foi a primeira capital do grande reino, e, por isso mesmo conhecida como "a cidade das cabras".
Não seria essa apenas mais uma dentre as muitas lendas da Antiguidade? É difícil saber, mas não há como negar que, fato ou fábula, tem algum charme, não é mesmo? Para Alexandre, o Grande, a dita história deve ter sido também muito útil em seus esforços para assegurar a dominação do turbulento mundo grego, já que a suposta veracidade fazia dele, afinal, um grego também - ou, pelo menos, alguém de origem grega, coisa que, naqueles tempos, dava no mesmo (por linha materna, afirmava-se que descendia de Aquiles, um dos heróis da Guerra de Troia). Assim, fica fácil  entender o motivo pelo qual a representação de um bode constituía-se num orgulho, a ponto de figurar entre os símbolos presentes nos estandartes empunhados pelos guerreiros do grande império que o jovem Alexandre construiu em cerca de doze anos de comando.


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