De acordo com Políbio de Megalópolis, historiador grego que viveu no Século II a.C., "Éforo (¹) afirmou que o melhor modo para conhecer os fatos seria que os próprios historiadores viessem a presenciá-los" (²).
Ora, senhores leitores, essa ideia de que historiadores, para bom desempenho de seu trabalho deveriam ser testemunhas oculares dos fatos de que tratam, dá muito o que pensar. Ao que parece, Políbio devia ser um adepto de tal ponto de vista, uma vez que boa parte de sua obra trata das Guerras Púnicas (264 - 146 a.C.), das quais foi, parcialmente, um contemporâneo. Nós, porém, podemos extrair disso ao menos duas possibilidades de interpretação:
Primeira - Os historiadores deveriam trabalhar apenas com a chamada História Contemporânea (a cada um deles, claro);
Segunda - Como nenhuma máquina do tempo jamais foi inventada, e para não ficarem restritos a uns poucos acontecimentos de intervalos de tempo muito curtos, os historiadores deveriam ser eternos.
Podem rir, leitores, que já retomo a seriedade que o assunto requer. Como a segunda hipótese jamais se verificou, vamos à análise da primeira, apenas.
É evidente que parte considerável da motivação para a pesquisa histórica está relacionada à curiosidade em relação ao passado remoto. Éforo e Políbio viveram em uma época na qual os recursos técnicos para a investigação de tempos longínquos não estavam, em grande parte, disponíveis, daí ser mais fácil para eles tratar de coisas que haviam presenciado ou para as quais ainda havia testemunhas vivas e que podiam ser consultadas. No entanto, para nós, hoje, é excelente que assim tenham pensado - investigamos o passado dispondo, dentre outras ferramentas, dos escritos que deixaram, forjados sob o calor dos acontecimentos, e que constituem, ao lado das obras de muitos outros autores, preciosos documentos de que ainda nos servimos.
(1) Provável referência a Éforo de Cime, que viveu no Século IV a.C.
(2) O trecho citado é tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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Mas imagino que a Marta não se importasse que grandes historiadores fossem eternos!?
ResponderExcluirMudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo
Se todos os humanos fossem eternos, acho que a História, como nós a entendemos, perderia um pouco do sentido. Quer dizer, a filosofia da História seria bem diferente...
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