segunda-feira, 23 de março de 2015

A falange macedônica e o exército romano - uma comparação

A falange macedônica devia ter, para seus oponentes, um aspecto aterrador. Sim, talvez parecesse uma floresta de lanças pontiagudas, que bem podiam dissuadir muitos valentões de qualquer tentativa de enfrentamento. Sabe-se, porém, que, diante do exército romano, ela provou-se frágil.
Por quê?
Já na Antiguidade o assunto foi alvo de reflexões. Políbio de Megalópolis, por exemplo, percebeu que a falange podia ser considerada invencível enquanto fosse capaz de conservar a formação; essa ordem, porém, era difícil de manter. Além disso, como força de ataque, ela era eficiente apenas quando o adversário estava à sua frente. Era praticamente impossível aos membros da falange a inversão de posições, de modo a viabilizar o ataque a um inimigo que estivesse à retaguarda.
Mas não era só.
"A falange - escreveu Políbio - precisa de terreno plano, aberto e sem obstáculos, ou seja, sem valas profundas, sem fraturas, sem declives assinalados, sem ribanceiras e sem barrancos. A existência de apenas um desses obstáculos é suficiente para que perca a eficiência e haja quebra na formação." (*)
Ora, segundo argumentava Políbio, terrenos tão perfeitos eram quase inexistentes, principalmente em situações de combate. Por isso, a falange, imbatível diante de inimigos mais fracos, não tardou a mostrar suas deficiências ao enfrentar o ágil exército romano.
A título de comparação, o mesmo Políbio observou que "o soldado romano, armado para o combate, adapta-se a qualquer tempo e condições do terreno, independente do lado onde o inimigo apareça, e tem a mesma firmeza e ordem, quer tenha de lutar em conjunto com todo o exército, quer tenha de combater em pequenos grupos ou mesmo individualmente." (*)
A vantagem do exército romano estava, portanto, na versatilidade, coisa que faltava quase de todo à falange macedônica. O que teria ocorrido se, por obra do acaso, Alexandre, o Grande, à frente da falange macedônica, tivesse vivido nos dias de algum dos grandes generais romanos, tais como Cipião ou César, de modo que se enfrentassem em algum momento? Prevaleceria o exército mais versátil? Ou talvez o mais lúcido dos generais? Fica aí uma boa questão para gastar o cérebro dos senhores leitores deste blog.

(*) Os trechos citados de Políbio de Megalópolis são tradução de Marta Iansen exclusivamente para uso no blog História & Outras Histórias.


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