Se dependessem de mim, os quiosques e lanchonetes que vendem caldo de cana iriam à falência. Não gosto, não gosto mesmo. Mas é apenas uma questão de preferência, e o grande número de fregueses que pode ser visto ao redor dos vendedores, particularmente em dias de muito calor, demonstra que o caldo de cana tem uma multidão de apreciadores.
O que os felizes comerciantes certamente não sabem, ao venderem um copo de caldo de cana após outro, é que, no passado, esse trabalho era feito por escravos. Nas ruas do Rio de Janeiro, a capital do Império, ou de outras localidades, escravos vendiam doces, café, caldo de cana e uma série de outras coisas.
O lucro obtido com as vendas, em geral, não ficava para eles. Ia para as mãos de seus senhores, ainda que, uma vez ou outra, alguém pudesse até dar alguma pequenina "comissão" sobre as vendas a seu escravo, fato que em nada alterava a lógica escravista - o senhor continuava senhor, o escravo era uma mercadoria (podia ser comprado e/ou vendido), de cuja mão de obra o proprietário podia dispor como bem entendesse.
A ilustração ao lado (*), obra do pintor brasileiro Joaquim Lopes de Barros, data de 1840. Foi o próprio artista quem atribuiu o título: "Preto de caldo de cana".
(*) O original pertence à Biblioteca Nacional. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
O lucro obtido com as vendas, em geral, não ficava para eles. Ia para as mãos de seus senhores, ainda que, uma vez ou outra, alguém pudesse até dar alguma pequenina "comissão" sobre as vendas a seu escravo, fato que em nada alterava a lógica escravista - o senhor continuava senhor, o escravo era uma mercadoria (podia ser comprado e/ou vendido), de cuja mão de obra o proprietário podia dispor como bem entendesse.
A ilustração ao lado (*), obra do pintor brasileiro Joaquim Lopes de Barros, data de 1840. Foi o próprio artista quem atribuiu o título: "Preto de caldo de cana".
(*) O original pertence à Biblioteca Nacional. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
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