"O que você vai ser quando crescer?" Estou certa de que você já fez essa pergunta algumas vezes na vida, quase sempre para puxar papo com um sobrinho, filho do vizinho ou outro pequeno muito tímido ou que não vai com a sua cara, não é, leitor? Pois saiba que, se você vivesse, digamos, há trezentos anos, as respostas poderiam ser bem diferentes daquelas que você ouvirá, caso faça essa pergunta hoje. Muitas profissões surgiram e desapareceram, enquanto outras ainda sobrevivem, havendo também algumas, já muito antigas, porém em muito boa forma - ainda precisamos de cozinheiros, médicos, historiadores... e assim por diante. Mas já não necessitamos da competência de um caçador de mamutes, por exemplo.
Dedico esta postagem a algumas profissões já desaparecidas e a outras semidefuntas. Confira a lista, para ver quais delas você conhece.
- FERREIRO - era o profissional capaz de forjar peças em diversos metais (e não apenas ferro), fazendo uso de instrumentos como o martelo, a bigorna e o fole. Com o desenvolvimento da indústria metalúrgica, perdeu espaço enquanto trabalhador autônomo.
- FOGUISTA - era o encarregado de manter em funcionamento as máquinas a vapor, mediante o abastecimento delas com material apropriado, tal como carvão. As ferrovias turísticas, que usam locomotivas a vapor, têm ainda seus foguistas, mas de um modo geral a profissão declinou, apesar de já ter sido muito significativa, tanto na indústria quanto nos transportes, e não apenas nas ferrovias, mas também nas embarcações a vapor.
- ESTALAJADEIRO - era o proprietário ou gerente de uma estalagem que, antes da existência dos hotéis, era o lugar onde os viajantes encontravam espaço para dormir, comer e abrigar seus animais de carga e montaria.
- MONTEIRO - também chamado couteiro, era o profissional especializado em caçadas, com a obrigação de auxiliar a nobreza nesse "esporte".
- AGUADEIRO - nem sempre as casas tiveram redes de água encanada e, portanto, o abastecimento dependia, ao menos em parte, desse trabalhador que percorria as ruas vendendo e entregando água.
"Carregadores de Água", de acordo com Hércules Florence (*) |
- ARMEIRO - era o profissional especializado em fabricar e efetuar manutenção em armaduras, espadas, etc. Hoje em dia, os poucos armeiros existentes fazem a conservação de peças de museu e fabricam armaduras, geralmente sob encomenda, para colecionadores.
- COCHEIRO - era o profissional treinado para conduzir os cavalos das carruagens. Como não costumamos mais usar carruagens, só há trabalho, eventualmente, em locais turísticos.
- FIANDEIRA - eis aqui uma profissão que, desde tempos remotos, era, quase sempre, confiada a mulheres. Consistia na habilidade de fazer fios, geralmente com o auxílio de uma roca, que seriam, por sua vez, usados para fazer tecidos.
Roca para Fiar (Museu Gustavo Teixeira, São Pedro - SP) |
- JOGRAL - era um músico profissional que, na Idade Média, era pago para divertir os convidados em uma festividade.
- CUTELEIRO - era o profissional que fabricava, artesanalmente, uma variedade de instrumentos cortantes, tais como facas, navalhas, tesouras, etc. Ainda há cuteleiros, atendendo principalmente às encomendas de colecionadores.
- LENHADOR - era o trabalhador que, usando machado ou serra manual, derrubava árvores que deviam servir como lenha para abastecer residências, tanto para aquecimento como para cozinhar. Embora haja muitos lenhadores atualmente, a moderna profissão é muito diferente daquela em que todo o trabalho era movido a músculos.
- LITEIREIRO - era o condutor de liteiras. No Brasil Colonial e Império esse trabalho era desempenhado quase que exclusivamente por escravos.
- ALMOCREVE - era o profissional que alugava e/ou conduzia animais de carga, muitas vezes atuando como guia em estradas perigosas e pouco conhecidas pelos viajantes.
- DATILÓGRAFO - essa profissão, leitor, eu a tenho visto desaparecer diante de meus olhos. Era o profissional especializado em datilografia, quer dizer, em escrever à máquina. Foi substituído pelo digitador, com a vantagem de que se pode obter de um texto tantas cópias quantas se desejar, e não apenas umas poucas, (isso quando se usava papel carbono), além de ser possível salvar o texto digitado para uso posterior. Com as máquinas de escrever, seria preciso datilografar tudo novamente. Digo, no entanto, que os digitadores também desaparecerão, quando tivermos equipamentos capazes de transformar nossos pensamentos em textos prontos, sem erros de ortografia ou pontuação e, de preferência, sem as nossas divagações, ainda que entre parênteses. Mas, até que esse dia chegue, já decidiu o que vai ser quando sua atual profissão desaparecer?
(*) FLORENCE, Hércules. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829. Brasília: Ed. do Senado Federal, 2007, p. 5.
Veja também:
Algumas Profissões, do passado deixam de existir,devido as mudanças e evolução do tempo, mas muitas ficam registros da história em documentos que podem trazer ligação dos fatos do passado, também nos registros do desenho, das fotografias, entre os quais podemos entender melhor o passado. Portanto você vê a importância dos registros? Pois os registros revelam a historia que comprovam os fatos de uma época do passado.
ResponderExcluirExatamente. E, além disso, para aquelas profissões que desapareceram há menos tempo, temos ainda o testemunho dos que viveram essa transição - é o que chamamos de História Oral. Relatos assim podem ser interessantíssimos.
ExcluirObrigada por visitar o blog História & Outras Histórias. Tenho apreciado bastante suas postagens no Google +.
Cara amiga Marta lansen deixo na sequencia um link o qual desenvolvi uma atividade junto a meus alunos,analisando seu texto, e desvelando a profissão do patrono do Colegio Estadual Gottlieb Mueller em Curitiba, o qual trabalhou como Ferreiro, e mais tarde metalurgico. http://patrimoniohistoricoescolar.blogspot.com.br/2014/07/historia-outras-historias-guia-das.html
ResponderExcluirOlá, Ronel Corsi, parabéns pelo trabalho com seus alunos. Tenho certeza de que a atividade que você preparou será muito útil para que eles percebam as profundas mudanças que ocorreram na sociedade nos últimos cem anos, através do estudo do que era (ou ainda é) a profissão de ferreiro.
ExcluirUm grande abraço, tenha um bom dia!
Adorei reler
ResponderExcluirmais essa matéria!
Bjins
Catiaho Alc.
Eu estive pensando
ResponderExcluirnas profissões atuais que
vão desaparecer também...
Penso que sempre em algum
lugar haverá um representante
de cada profissão que para nós
que vivemos nas metrópoles está
definitivamente acabada.
No Natal de 2016 ganhei de
presente a máquina de escrever
com a qual meu amigosafilhado
trabalhou em prol do jornalismo
brasileiro. Como homenagem eu já a tenho usado
para publicar frases dele mesmo
no meu blog de frases
http://frasesemreflexos.blogspot.com.br
Bjins
Catiaho Alc.
Muita coisa de nosso tempo também vai desaparecer, até mais rápido que as coisas que dizemos "antigas". Nem mesmo as profissões escapam (mas acho que, enquanto houver humanidade, não faltará ocupação para historiadores, para bem e para mal hahaha...).
ExcluirFui ver "Frases em Reflexos" - Gostei!
Um grande abraço.