quinta-feira, 20 de junho de 2019

Datilógrafos e suas máquinas de escrever

Deu-se o nome de datilografia à capacidade de usar corretamente uma máquina de escrever (¹); datilógrafo ou datilógrafa era a pessoa que dominava essa técnica. Para ser um bom datilógrafo(a), era preciso, como regra geral, completar um curso específico, que podia ser ministrado em uma escola de datilografia ou como parte da formação mais ampla em escolas técnicas voltadas às atividades administrativas e comerciais. 
O aprendiz travava contato com o teclado das máquinas de escrever, que antes das máquinas elétricas, era um tanto pesado e barulhento: ASDF, ASDF, ASDF... (²) Era repetição e repetição. Depois, ASDFG, ASDFG, até que todo o teclado fosse perfeitamente dominado, sendo o datilógrafo(a) capaz de escrever velozmente, mesmo que as teclas estivessem cobertas. Além disso, esperava-se que os alunos(as) aprendessem a instalar e substituir fitas em uma máquina de escrever - sim, aqueles rolinhos pretos ou vermelhos e pretos que, sendo acionadas as teclas, iam imprimindo as letras sobre o papel. Máquinas antigas não tinham retorno automático, sendo necessário, no final de cada linha de texto, mover uma alavanca que fazia  o papel retornar, passando à linha seguinte (³). Ufa!

Este anúncio, publicado no ano de 1923, oferecia um curso completo de datilografia (⁴)
O advento dos computadores e a gradual expansão de seu uso em escritórios, repartições públicas, escolas e mesmo no âmbito doméstico decretou o fim da datilografia em máquinas de escrever como profissão, e as escolas de datilografia que não fizeram a transição para cursos de digitação e de outras habilidades relacionadas à informática tiveram destino semelhante: foram varridas do palco pela revolução digital.

(1) Ainda que, por extensão, o termo possa ser empregado para a digitação no teclado de um computador.
(2) Se você está lendo esta postagem em um computador, olhe para o teclado e vai entender o motivo.
(3) Exatamente quando eu digitava esta linha da postagem, o teclado sem fio que uso sinalizou que era preciso substituir as pilhas. Um datilógrafo não enfrentaria esse incômodo.
(4) A CIGARRA, Ano XI, nº 222, 15 de dezembro de 1923. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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