sexta-feira, 22 de março de 2024

Batelões no Paranapanema

Batelões foram usados nas monções cuiabanas do Século XVIII, que, através do Tietê e de outros rios, conduziam pessoas que pretendiam chegar às regiões auríferas de Mato Grosso. Depois disso, foram caindo em desuso e, finalmente, foram abandonados nas primeiras décadas do Século XIX, certo?
Errado! Batelões ainda eram usados no final do Século XIX na navegação pelo rio Paranapanema, divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná. Foi o que afirmou Adolpho Augusto Pinto em História da Viação Pública de São Paulo:
"As embarcações em uso nesta seção do Paranapanema são grandes canoas, chamadas batelões, feitas de um só tronco de árvore gigantesca, que permite dar à embarcação um comprimento de 12 a 15 metros, largura de 1 m a 1,2 m, calando 0.45 m a 0.60 m sob a carga de 200 arrobas, além da tripulação, ordinariamente composta de quatro homens armados de varejões e remos, e de um piloto ou prático do rio." (¹)
Como embarcações a remo que eram, os batelões precisavam da ajuda de braços humanos em seu deslocamento na água:
"Os canoeiros são índios mansos [sic] da colônia Jatahy no rio Tibagi ou do Piraju; trabalham de modo inexcedível, ninguém nada melhor ou afronta uma cachoeira com mais denodo." (²) 
Uma observação faz-se necessária: para construir um batelão era preciso uma árvore enorme. Por conseguinte, árvores desse porte deviam ser ainda encontradas nas matas da região do Paranapanema, nessa época de que tratamos. Porém, como em outras áreas, ficavam cada vez mais raras.

(1) PINTO, Adolpho Augusto. História da Viação Pública de São Paulo. São Paulo: Typographia e Papelaria de Vanorden & Cia., 1903, p. 311.
(2) Ibid. 


Veja também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.