Columella, autor romano do Século I, registrou no Livro Segundo de sua Res rustica uma ideia que, segundo ele, foi defendida por vários escritores ilustres da Antiguidade: a Terra estaria envelhecendo e se tornando improdutiva.
Acompanhem, leitores, o argumento que, no mínimo, é curioso: comparava-se a Terra, em sua fertilidade, a uma mulher (é a mitologia recorrente da "mãe terra"); ora, assim como as mulheres, quando envelhecem, perdem a capacidade de procriar, a Terra, que ia ficando velha, estaria, pouco a pouco, se tornando estéril, disso resultando a crescente dificuldade em fazê-la produzir como se supunha que ocorrera no passado.
Embora concordasse com o fato de que as mulheres, ainda que vivessem muito, tinham, pela idade, um limite à capacidade reprodutiva, Columella notou que coisa semelhante não acontecia com as áreas agricultáveis que, quando deixadas por certo tempo sem cultivo, voltavam, posteriormente, a recompensar os esforços de quem plantava. Esse princípio foi aplicado mais tarde, na Idade Média, e contribuiu, como se sabe, para evitar o esgotamento do solo em parte da Europa, à medida que se efetuava um rodízio nas lavouras (chamado de rotação de culturas), evitando a repetição em anos sucessivos de um mesmo cultivo, enquanto, periodicamente, áreas eram deixadas em pousio.
Agricultores da Antiguidade e Idade Média não podiam contar com as vantagens (e desvantagens) que a moderna indústria química oferece à agricultura. Conheciam, porém, técnicas de fertilização que hoje chamaríamos de orgânicas. Mas, à parte de tudo que já foi dito, é preciso considerar que um outro fator emperrava a agricultura entre os romanos, exatamente pela época em que Columella escreveu: quase todo o trabalho nas lavouras era feito por escravos, que dificilmente mostrariam algum interesse em melhorar as práticas agrícolas - que lucro teriam com isso?
Daí decorre a inevitável conclusão de que Roma, com a ampliação da mão de obra escrava, que aparentemente deveria favorecer o crescimento na produção, enfrentou situação oposta, tornando-se mais e mais dependente das importações de trigo e outros produtos para alimentar sua população, entre a qual havia um número crescente de trabalhadores livres desocupados. A existência do Império poderia ter sido abreviada, não fora, por exemplo, a produção de trigo do Egito, que atravessava o Mediterrâneo para alimentar as multidões de romanos famintos.
Acompanhem, leitores, o argumento que, no mínimo, é curioso: comparava-se a Terra, em sua fertilidade, a uma mulher (é a mitologia recorrente da "mãe terra"); ora, assim como as mulheres, quando envelhecem, perdem a capacidade de procriar, a Terra, que ia ficando velha, estaria, pouco a pouco, se tornando estéril, disso resultando a crescente dificuldade em fazê-la produzir como se supunha que ocorrera no passado.
Embora concordasse com o fato de que as mulheres, ainda que vivessem muito, tinham, pela idade, um limite à capacidade reprodutiva, Columella notou que coisa semelhante não acontecia com as áreas agricultáveis que, quando deixadas por certo tempo sem cultivo, voltavam, posteriormente, a recompensar os esforços de quem plantava. Esse princípio foi aplicado mais tarde, na Idade Média, e contribuiu, como se sabe, para evitar o esgotamento do solo em parte da Europa, à medida que se efetuava um rodízio nas lavouras (chamado de rotação de culturas), evitando a repetição em anos sucessivos de um mesmo cultivo, enquanto, periodicamente, áreas eram deixadas em pousio.
Agricultores da Antiguidade e Idade Média não podiam contar com as vantagens (e desvantagens) que a moderna indústria química oferece à agricultura. Conheciam, porém, técnicas de fertilização que hoje chamaríamos de orgânicas. Mas, à parte de tudo que já foi dito, é preciso considerar que um outro fator emperrava a agricultura entre os romanos, exatamente pela época em que Columella escreveu: quase todo o trabalho nas lavouras era feito por escravos, que dificilmente mostrariam algum interesse em melhorar as práticas agrícolas - que lucro teriam com isso?
Daí decorre a inevitável conclusão de que Roma, com a ampliação da mão de obra escrava, que aparentemente deveria favorecer o crescimento na produção, enfrentou situação oposta, tornando-se mais e mais dependente das importações de trigo e outros produtos para alimentar sua população, entre a qual havia um número crescente de trabalhadores livres desocupados. A existência do Império poderia ter sido abreviada, não fora, por exemplo, a produção de trigo do Egito, que atravessava o Mediterrâneo para alimentar as multidões de romanos famintos.
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Boa tarde de quarta-feira e obrigado pela visita.
ResponderExcluirExcelente matéria e aula de história, minha querida amiga.
Luiz Gomes
Olá, Luiz, obrigada pela visita. Nunca pare de postar em seu blog, sim? Gosto muito das fotos!
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