"Os altos e baixos, os atoleiros e atascadeiros, consolidados com gravetos e varreduras de capinas, transformaram o caminho do bonde, naquele trecho, numa montanha-russa, com a lembrança, de um lado e outro, do espetáculo do que seriam ou do que são os caminhos do nosso interior, pelos quais nos chegam os cereais e a carne que comemos."
Lima Barreto, Clara dos Anjos
No Século XIX, montanhas-russas faziam muito sucesso entre apreciadores de diversões em cidades europeias e nos Estados Unidos. O brinquedo, que ganhara, aos poucos, certo grau de complexidade, era um pequeno desafio à coragem, sem que os usuários corressem riscos enormes.
No entanto, leitores, a montanha-russa que hoje nos interessa foi instalada no Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil. Vejam como é interessante este anúncio (¹), publicado no jornal Semana Sportiva em 10 de março de 1900:
Seria apenas mais um anúncio, publicado, como tantos outros, para atrair clientes, não fosse este comentário, que apareceu no mesmo jornal, edição de 24 de março, também de 1900:
"Continua a constituir um sucesso colossal a montanha-russa circular do parque Eden Floresta, à rua do Riachuelo.
Em boa hora lembrou-se o Sr. Custódio de Castro de montar ali a agradabilíssima diversão, pois ela concorreu consideravelmente para quebrar a monotonia da vida fluminense." (²)
Sim, sim, é provável que o jornal estivesse fazendo, neste caso, um reforço às intenções de seu anunciante. Mas não é isso que surpreende, e sim as últimas palavras, "ela [a montanha-russa] concorreu consideravelmente para quebrar a monotonia da vida fluminense". Não é essa a ideia popular quanto ao quotidiano no Rio de Janeiro e seus arredores na época de que tratamos, como sede de governo que era, da República há pouco estabelecida.
(1) SEMANA SPORTIVA, Ano XI, nº 376, 10 de março de 1900. O original pertence à BNDigital. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) Ibid., Ano XI, nº 378, 24 de março de 1900.
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Fico só a imaginar que tipo de segurança teria uma montanha russa do século XIX. Que arrepio!
ResponderExcluirAbraço
Ruthia
Como tudo na época, as montanhas-russas não permitiam velocidade como é possível nas do Século XXI. Ainda assim, havia riscos, e há registros de acidentes sérios no Século XIX.
ExcluirTenha um ótimo final de semana!