Sobrevivência e expectativa de lucro são dois elementos eficazes para vencer a preguiça e forçar a humanidade a ir além do habitual - alguém discorda? Plínio, um romano que viveu entre 23 e 79 d.C., escreveu no Livro VI de Naturalis Historia (¹): "O interesse pelo lucro encurtou a distância até a Índia." (²)
É claro que Plínio não estava sugerindo que a Terra havia encolhido - suas palavras eram, sim, uma referência à descoberta, ainda em tempos do Império Romano, de uma rota marítima mais favorável, com base nas monções. A propósito, este é um bom momento para demolir a ideia absurda que ainda anda pela cabeça de alguns, segundo a qual foi somente durante as Cruzadas que artigos de luxo do Oriente despertaram o interesse de europeus. Como se vê, o apreço por sedas, joias, especiarias, móveis sofisticados e muitos outros artigos finos vem da Antiguidade. Era por isso que marinheiros cruzavam o Índico, embora, desde a Península Arábica, a rota fosse completada por terra.
Embarcação egípcia da Antiguidade (³) |
Soa mal dizer que a necessidade de assegurar um suprimento de proteínas e a paixão pelo lucro foram vitais para o desenvolvimento da navegação astronômica? Fica a seu critério, leitor, decidir o caso. Mas foi assim que a navegação estritamente de cabotagem foi superada. Os conhecimentos científicos resultantes, a princípio meros efeitos colaterais, seriam, posteriormente, decisivos para a humanidade, inclusive para "encolher" de vez este planeta, a partir dos Séculos XV e XVI.
(1) Pode-se dizer que, sob vários aspectos, Naturalis Historia foi uma espécie de enciclopédia da Antiguidade; o fato notável é que essa obra de tão vasto alcance foi escrita por uma só pessoa.
(2) A citação de Naturalis História foi traduzida por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) LINDSAY, W. S. History of Merchant Shipping vol. 1. London: Sampson Low, Marston, Low, and Searle, 1874, p. 56.
Veja também:
(3) LINDSAY, W. S. History of Merchant Shipping vol. 1. London: Sampson Low, Marston, Low, and Searle, 1874, p. 56.
Veja também:
Curiosamente, Marta, foi a ambição de TER, e não a de SER, a principal razão para levar os homens mais longe. E nada mudou, entretanto, limitamo-nos a dar voz aos nossos instintos mais primários. É assim, o homem.
ResponderExcluirUm bom final de semana :)
O SER também tem seu lugar. Reconheço, porém, que para uma minoria.
ExcluirTenha vc também um ótimo final de semana!