quinta-feira, 1 de março de 2018

Profissões perigosas na Mesopotâmia de Hamurabi

Quem pode trabalhar bem, se sabe que está sob pena de morte ou de mutilação, na hipótese de algum erro? Era essa, leitores, a situação de cirurgiões e construtores que viviam e trabalhavam na Mesopotâmia por volta do Século XVIII a.C. - tempos complicados, não?
Dizia o Código de Hamurabi:
"Se um cirurgião, usando um instrumento de bronze, fizer um corte grande em alguém, e essa pessoa morrer ou ficar cega, a mão do cirurgião será cortada."
Isso acontecia caso a desastrada cirurgia fosse feita em uma pessoa de condição livre. Se, no entanto, a pessoa que passasse por cirurgia e morresse fosse cativa, competia ao cirurgião pagar o valor desse escravo ou escrava ao seu respectivo proprietário.
A situação dos construtores não era muito melhor, uma vez que o mesmo rigorosíssimo Código estipulava:
"Se um construtor edificar uma casa para alguém, mas não a fizer de forma apropriada, e, em consequência, a casa cair, matando o proprietário, o construtor será morto. Se morrer o filho do proprietário, o filho do construtor será executado."
Com leis assim, é até difícil imaginar que alguém quisesse ser construtor ou cirurgião nesses tempos remotos (¹), quando o conhecimento científico era bastante limitado. Diante dos riscos evidentes, é provável que mais de um cirurgião recusasse atendimento (²), ao vir à sua presença algum caso difícil. Os "instrumentos de bronze" utilizados não passavam por qualquer esterilização, mesmo porque ninguém fazia a menor ideia da existência de microrganismos, e disso os leitores podem facilmente extrair as consequências. Resguardadas as diferenças nas ocupações, o mesmo pode ser dito quanto a quem assumia a responsabilidade pelas construções da época.

(1) No caso de algumas profissões, o Código estipulava até mesmo quanto podia ser cobrado para cada trabalho a ser feito. Cirurgiões, por exemplo, tinham sua remuneração estipulada em lei, assim como aqueles que cuidavam de animais doentes (os precursores dos modernos veterinários).

2 comentários:

  1. Foi assim, sempre será: o progresso e a inovação acarretam sempre enormes custos. Dito de outra forma, "quem não quer ser diabo, que não lhe vista a pele". :)

    Abraço

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    1. Pode ser, mas, se leis assim desestimulavam a negligência, também podiam ser muito injustas, diante dos escassos conhecimentos científicos da época.

      Tenha uma ótima semana!

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