quarta-feira, 31 de julho de 2013

As aranhas do padre Anchieta


"Umas são um pouco ruivas, cor de terra..."

Quem dentre meus leitores gosta de aranhas? Imagino que poucas pessoas, excetuando, por certo, os pesquisadores que se dedicam a elas - para bem da humanidade, felizmente.
"...outras pintadas, todas cabeludas"
Os monçoeiros que iam pelo Tietê e outros rios rumo ao interior do Brasil no Século XVIII eram acossados de contínuo por montes de aranhas que, caindo das árvores que margeavam os cursos d'água, iam dar nas embarcações - coisa que suscitava, neles, expressões constantes de desagrado, que beiravam ao horror, em alguns casos.
Muito antes dos monçoeiros, no entanto, o Padre José de Anchieta, missionário jesuíta no Brasil, instado a descrever a colônia portuguesa na América e suas particularidades, assim se referiu às aranhas, em uma carta ao Geral de sua Ordem:
"O que direi das aranhas, cuja multidão não tem conta? Umas são um pouco ruivas, outras cor de terra, outras pintadas, todas cabeludas; julgarias que são caranguejos, tal é o tamanho do seu corpo: são horríveis de ver-se, de maneira que só a sua vista parece trazer diante de si veneno." (*)
A carta da qual fazia parte o trechinho acima foi escrita em São Vicente, no fim de maio de 1560. Não se pode, por ela, concluir que Anchieta fosse um apreciador de aranhas, não é mesmo?

(*) ANCHIETA, Pe. Joseph de S.J. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933, p. 115.


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