Este anúncio procura vender a ideia de que a menina está feliz por ter um par de sapatos como o que é retratado, muito diferente daquele que as meninas da mesma idade tendem a usar atualmente. (¹) |
Olhe para seus pés, leitor. O que está calçando? (se é que está calçando alguma coisa...) Pode ser um par de chinelos, talvez uns tênis. Talvez sua prioridade seja o conforto, ou pode ser a elegância - ou ainda uma tentativa de conciliar tudo isso, com preço satisfatório e uma certa durabilidade. Não seria pedir demais?
Anúncio de calçados publicado em 1915 (²) |
Curioso é notar que, há um século, mais ou menos, as pessoas esperavam as mesmas coisas de seus calçados, mas o modo como isso se materializava era, digamos, um tanto diferente daquilo que hoje consideramos aceitável. Para verificar como era a moda em calçados, veja alguns anúncios que apareceram em publicações da segunda década do Século XX, e compare com o que se vê, atualmente, nas vitrines das lojas de sapatos. Pode ser que sejamos obrigados a concluir que, moda vai, moda vem, os sapatos de hoje guardam alguma semelhança com os do passado, ao menos no que se refere aos artigos ditos "sociais", principalmente em se tratando de calçados masculinos. Nossos calçados esportivos, por outro lado, seriam impensáveis pelos anos 1915 ou 1916. Os "sapatos de tênis" eram usados só para esporte, mesmo, nunca para passeio, e tinham um aspecto muito diferente daquele que a tecnologia e o design contemporâneo agregaram aos tênis que usamos para correr, jogar e em muitas outras atividades quotidianas.
Além disso, certo ou errado, os sapatos das crianças eram, em geral, um tanto diferentes dos usados pelos adultos, quando a tendência atual é imitar, nos calçados infantis, muito da moda de "gente grande". Tudo correspondia, portanto, a uma época em que meninos usavam calças curtas, e deixar de fazê-lo, para usar as "verdadeiras calças de homem" constituía-se em um pequeno ritual de passagem pelo qual todo guri esperava, ansiosamente.
Anúncio de calçados para mulheres, publicado em 1915 (³) |
(1) A CIGARRA, Ano VI, nº 126, 15 de dezembro de 1919.
(2) A CIGARRA, Ano II, nº 33, 30 de dezembro de 1915.
(3) Ibid. Todas as imagens foram editadas para facilitar a visualização neste blog.
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