Se havia alguma coisa que os conquistadores portugueses desejavam, acima de qualquer outra, encontrar em terras brasileiras, era ouro, sem dúvida. Isso desde os primeiros momentos da colonização. No entanto, como qualquer escolar sabe muito bem, a descoberta de ouro demorou quase duzentos anos para ocorrer - uma eternidade, se forem consideradas as necessidades prementes da Metrópole lusitana.
A questão é: Por quê?
Antes de mais nada, diante do imenso território brasileiro completamente desconhecido, pode-se dizer que os exploradores procuravam metais preciosos como se tivessem os olhos vendados. Para quem ousava enfrentar o desconhecido, as florestas e rios pareciam sempre iguais e, nessa situação, como identificar territórios já percorridos? Verdade é que indígenas escravizados mostravam muitas vezes as rotas que conheciam no "sertão", mas com os recursos técnicos da época era muito difícil, senão impossível, que homens rudes (como eram quase sempre os colonizadores) pudessem traçar mapas precisos, permitindo o retorno a um lugar que se considerasse com bom potencial aurífero. Diante disso, era comum que bandeirantes retornassem a São Paulo, ao final de uma expedição de apresamento de índios, contando maravilhas sobre supostas riquezas do interior, mas voltar ao local descrito era tarefa cujo sucesso, em grande parte, dependeria mais da sorte do que de qualquer outro fator. Deve-se acrescentar ainda que supostos especialistas na prospecção de metais preciosos, enviados ao Brasil por ordem da Coroa, mostraram-se em absoluto ineptos para a tarefa que deles se esperava.
Imagem idealizada de um bandeirante, de acordo com monumento na cidade de Amparo - SP |
Finalmente, é bom frisar que os famosos bandeirantes de São Paulo não estavam, a priori, tão interessados em achar ouro quanto em "descer índios" do sertão, que não apenas escravizavam para trabalhar em suas lavouras como também vendiam para outras regiões do Brasil. Foi somente com a insistência dos monarcas portugueses que alguns se dispuseram a procurar ouro e pedras preciosas, uma atividade para a qual não tinham quase nenhum conhecimento. É amplamente sabido que nessa empreitada os poucos escravos africanos que acompanhavam as bandeiras tiveram papel importante, já que conheciam métodos de extração de ouro em rios e córregos, coisa ignorada por seus senhores.
Há depoimentos que dão conta de que, na região de Cuiabá, chegou-se inicialmente a escavar a terra com pedaços de pau e até com as mãos para retirar ouro. Mais divertido ainda só mesmo o relato de que o bandeirante Antônio de Almeida Lara teria descoberto uma considerável quantidade de ouro, virtualmente à flor da terra... ao cair do cavalo.
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