quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Milhares de locomotivas - Parte 2

Se você leu Milhares de Locomotivas - Parte 1, talvez tenha ficado a pensar nas causas do crescimento fenomenal da produção de locomotivas pela empresa americana Baldwin, ao longo da segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX. Ora, não é assim tão complicado explicar o fenômeno:
a) A expansão dos Estados Unidos para o Oeste demandava a construção de ferrovias, capazes de ligar o país de costa a costa e, para isso, muitas locomotivas eram necessárias;
b) Nota-se que o crescimento na produção acentuou-se após a chamada Guerra da Secessão, o que aponta para o fato de a guerra ter posto fim às disputas relacionadas aos melhoramentos internos prioritários, no sentido de que o "Norte" industrial já não encontrava obstáculos às suas pretensões em fortalecer o mercado interno, para o que a existência de meios de transporte confiáveis era fundamental, a fim de que a produção pudesse ser enviada a todo o país;
c) A industrialização nos Estados Unidos colocou esse país como um importante produtor e exportador, começando a fazer frente à Inglaterra em questões relacionadas à busca de mercados consumidores no exterior - uma parte muito importante da produção da Baldwin Locomotive Works era destinada ao mercado externo, e isso desde o século XIX;
d) Finalmente, foi política da empresa apoiar maciçamente o esforço de guerra dos Aliados durante a primeira guerra mundial, fornecendo mais de 5000 locomotivas, além de outros equipamentos.

A fábrica de locomotivas Baldwin, de acordo com  
Illustrated Catalogue of Narrow-Gauge Locomotives de 1885
Entretanto, meu leitor, após o final da Primeira Grande Guerra as coisas não marcharam tão bem. A concorrência aumentou e a empresa começou a enfrentar problemas pela preferência por locomotivas a diesel de outro fabricante. Ainda assim, manteve-se no mercado e, durante a Segunda Guerra Mundial, novamente forneceu armamentos para os Aliados, tais como os tanques Sherman.
Mas era o fim. A empresa que contara as locomotivas aos milhares fabricou a última em 1956.

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