Dia 6 de setembro de 1522: dezoito homens esquálidos em decorrência de indizíveis privações, chegam ao porto de Sanlúcar de Barrameda, Espanha, em uma embarcação que, literalmente, cai aos pedaços. Eram os únicos a completar aquela que, até onde se sabe, foi a primeira viagem de circum-navegação.
No diário de Antonio Pigafetta, espanhol que se juntara à expedição comandada por Fernão de Magalhães, e que foi um dos dezoito a voltar, lê-se:
"Graças à Providência, no sábado, dia 6 de setembro, entramos na baía de Sanlúcar, e, dos sessenta tripulantes que éramos ao sair das ilhas Molucas, só restamos dezoito, quase todos doentes. Quanto aos outros, houve os que fugiram para ficar no Timor, alguns foram sentenciados à morte em decorrência de crimes cometidos, e outros, ainda, morreram de fome." (¹)Pode-se imaginar qual terá sido a reação dos habitantes de Sanlúcar ao ver chegar esses intrépidos sofredores, depois de sua louca aventura no mar!
Dois dias mais tarde, os navegadores foram a Sevilha e, para contar que, afinal estavam de volta, dispararam toda a artilharia do navio - ou o que restava dela. No dia seguinte, 9 de setembro, terça-feira, desembarcaram e foram a terra. Não para casa, porém, e sim a cumprir promessa feita em viagem:
"[...] descalços e levando uma vela na mão, fomos às igrejas de Nossa Senhora da Vitória e de Santa Maria da Antigua, conforme promessa que fizéramos nas ocasiões de angústia." (²)Enquanto esses celebravam a volta, é possível que, em muitas casas, lágrimas caíssem pelos que nunca voltariam.
(1) Os trechos do diário de Antonio Pigafetta aqui citados foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(2) Ibid.
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