quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O Código de Hamurabi e os barqueiros desastrados da Mesopotâmia

Mesopotâmia, como se sabe, é palavra de origem grega, cujo significado é "região entre rios". Nela, os rios Tigre e Eufrates foram muito utilizados, desde tempos distantes, na provisão de água para a agricultura. A navegação fluvial tinha destaque, já que o transporte terrestre era difícil, especialmente para grandes cargas. Alguns estudos apontam a possibilidade de que mesopotâmios, fazendo também navegação marítima, tenham saído pelo Golfo Pérsico, contornado a Península Arábica e, através do Mar Vermelho, mesmo em remota Antiguidade, alcançado o Egito, para estabelecer uma nova rota de comércio. Os conhecimentos geográficos foram ampliados pela perspectiva de lucro.
Nesse contexto, a profissão de barqueiro era importante. Era preciso saber conduzir muito bem uma embarcação, além de zelar pelas mercadorias transportadas. Senão...
Senão, de acordo com o Código de Hamurabi, um barqueiro desastrado poderia ter problemas sérios:
"Se um homem contrata um barqueiro para seu barco, e coloca no barco cereais, lã, azeite, tâmaras ou qualquer outra coisa, se o barqueiro for descuidado, de modo que se percam o barco e a carga, ele será responsável por indenizar o proprietário quanto ao valor do barco e tudo o que nele havia."
Notaram, leitores, a lista de mercadorias que, de acordo com o Código, eram comumente embarcadas? Ela dá uma ideia da produção usual na Mesopotâmia do Século XVIII a.C.; todos os itens deviam ser muito frequentes, já que, ao que parece, foram os primeiros lembrados pelo legislador, ao determinar o que sucederia quando um barqueiro inábil pusesse a perder aquilo que lhe fora confiado. Levando em conta o restante do Código, até que o tal homem tinha sorte por não haver nenhuma prescrição ordenando que lhe cortassem a cabeça pela falta de competência no ofício.


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4 comentários:

  1. Resumindo, era uma profissão para corajosos. Mas, por outro lado, se cada profissional fosse responsabilizado pelos seus actos, haveria muitos mais profissionais competentes no mundo.
    Abraço, boa semana.
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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    Respostas
    1. À parte características de cada época, o lado pragmático do Código de Hamurabi às vezes faz falta em nosso tempo.
      Tenha uma ótima semana! :-)))

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  2. Quanto à falta do cumprimento da lei, nos nossos tempos, Há MU(tos) RA(stos) BI(cudos) por todo o lado. ;)

    Um bom final de semana, Marta :)

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