Floresta Amazônica e rio Negro |
Poucas pessoas, dentre a população urbana, já andaram pelas matas fechadas do Brasil; são, por consequência, também poucas as que têm uma ideia correta do que é transpor a densa vegetação, como o fizeram os colonizadores, nos Séculos XVI, XVII e XVIII. Em uma pequenina obra, publicada em 1754 com o aparatoso título de Relação e Notícia da Gente que Nesta Segunda Monção Chegou ao Sítio do Grão-Pará e às Terras de Mato Grosso, encontramos a seguinte descrição:
Dentro da Floresta Amazônica |
Notem, leitores, que o fato de as florestas do Brasil permanecerem sempre verdes era uma surpresa para quem estava habituado à vegetação decídua de climas temperados, mas a dificuldade apontada era caminhar por entre a mataria, não apenas pela densidade arbórea, mas também pela existência de cipós que, conforme aponta o trecho citado, formavam uma rede ligando as árvores e impedindo a passagem. Mesmo dispondo de boas ferramentas, quem pretendia explorar o terreno considerava a tarefa penosa, daí o recurso ao fogo, de modo análogo ao utilizado por indígenas (²). Esse método, inconveniente pelo dano ambiental que dele resulta, não era, todavia, muito eficaz para abrir o terreno. A despeito disso, foi usado por bandeirantes e outros exploradores do território, e continua até hoje a ser empregado - ilegalmente - para remover a floresta, dando lugar à monocultura e pastagens.
Dentro de mata no Brasil Central |
(1) COUTO, Isidoro de; SILVA, Caetano Paes. Relação e Notícia da Gente que Nesta Segunda Monção Chegou ao Sítio do Grão-Pará e às Terras de Mato Grosso. Lisboa: Oficina de Bernardo A. de Oliveira, 1754.
(2) Antes da chegada de colonizadores europeus, as ferramentas usadas por indígenas do Brasil eram feitas com madeira e pedra, dificultando o corte de árvores, daí o uso do fogo para desbastar florestas.
Veja também:
Deve ser muito intimidante caminhar no mato cerrado. O que faz dos desbravadores de outros tempos mais aventureiros ainda. Seria fantástico se o Homem reconhecesse o valor da floresta intocada.
ResponderExcluirAbraço amiga Marta, uma linda semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
Sim, o desconhecido às vezes intimida, mas as florestas são lugares incríveis, cheios de sons, de vida, de aromas maravilhosos e, naturalmente, de mistérios a explorar. Dá pra imaginar o que era andar por elas no Século XVI...
ExcluirNessas florestas há vida, muita vida, fora das cogitações normais do homem, que pouco entende dela. E, o que não entendemos, tendemos a recear e/ou ignorar. Daí até à destruição vai um passo.
ResponderExcluirUm bom sábado, Marta :)
Estou de acordo. É maravilhoso andar por elas e perceber a explosão de vida que as caracteriza.
ExcluirTenha um ótimo final de semana!