Nós, seres urbanos, temos uma certa dificuldade em perceber o tempo da natureza - o ir e vir das estações, até mesmo a transição dia/noite, que é mais assinalada, às vezes, pelo acender e apagar das luzes artificiais, que marcada pela presença ou ausência do sol. Pode acreditar, leitor: uma vez um adolescente de uns dezessete ou dezoito anos assegurou-me que nunca havia notado que a Lua, a cada noite, "nascia" em um horário diferente...
Tudo isso surgiu e acentuou-se com o crescimento do par urbanização - industrialização. Quem (ainda) vive em áreas rurais, (ainda) sabe muito bem que a natureza segue seu próprio ritmo, a despeito de o mundo, em matéria de clima, parecer estar de ponta-cabeça.
Para os povos da Antiguidade, que desconheciam explicações científicas (para nossos padrões), os ciclos da natureza eram expressão dos ciclos de vida e morte de suas divindades. Não poucas culturas entendiam que um ou mais deuses morriam no outono, para ressuscitar, em todo o seu esplendor, na primavera. Seu renascimento era a garantia de que as águas, fossem de rios ou das chuvas (ou de ambos) viriam no tempo certo, de que o plantio de alimentos seria possível, e de que, finalmente, as colheitas iriam acontecer, assegurando a sobrevivência dos grupos humanos que, sedentarizados, dependiam essencialmente do sucesso na agricultura. Por isso, acreditavam que valia qualquer sacrifício para assegurar a ressurreição de seus deuses. Sim, sacrifício mesmo de vidas humanas, principalmente de jovens e crianças, tidos como mais "favoráveis", neste caso.
Se tomamos, hoje, algum tempo para observar o mundo natural ao nosso redor, encantamo-nos com a coloração que as folhas das árvores assumem quando a natureza vai, lentamente, "morrendo", no outono. A explicação para isso, no entanto, é relativamente simples, e vem de uma combinação entre temperaturas favoráveis e encurtamento dos dias.
Em áreas do planeta em que as quatro estações são bem definidas, as árvores parecem preparar-se para o inverno, retirando das folhas todos os nutrientes que podem ser utilizados. Após isso, as folhas caem. Sendo de espécies vegetais caracterizadas como decíduas, a queda de folhas é mais ou menos simultânea, o que resulta em vantagem para esses vegetais, uma vez que, sem folhas, perdem menos água e têm maior probabilidade de sobreviver ao inverno. Já a coloração alaranjada, que dá verdadeiros espetáculos em algumas regiões, ocorre porque, à medida que a clorofila deixa de agir, os carotenos tornam-se mais evidentes. Em resultado da ação da luz solar sobre açúcares que ainda restam na vegetação quando os ventos frios do outono começam a soprar, produzem-se os tons de vermelho (antocianina) que impressionam e atraem turistas fascinados.
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