A edição de 16 de abril de 1852 do jornal Aurora Paulistana trouxe esta tabela com os preços praticados nos gêneros de exportação que podiam ser encontrados no porto de Santos, na Província de São Paulo:
A lista de gêneros exportáveis incluía aguardente, arroz, açúcar, café, chá, canjica, farinha de mandioca, farinha de milho, feijão, fumo, lenha, mate, meios de sola, milho, pano de algodão, queijos e toucinho. Muito pouco, já se vê, e ainda que seja razoável supor que, mesmo não sendo mencionados na lista, outros itens de menor expressão também estivessem disponíveis, fica claro que absolutamente nada era resultado de alguma atividade industrial muito complexa - predominavam artigos provenientes da agricultura. A mesma tabela permite ainda constatar que o porto de Santos, além de escoar a produção originária da Província de São Paulo, exportava, também, o que vinha de Minas Gerais e de outras áreas adjacentes.
Tropas de mulas eram, na maioria dos casos, as responsáveis pela condução das mercadorias, do local de origem ao porto. Além disso, "exportar", nesse contexto, não significava, necessariamente, enviar o que quer que fosse para outros países. Podia ser referência ao comércio entre diferentes províncias do Império.
Tropas de mulas eram, na maioria dos casos, as responsáveis pela condução das mercadorias, do local de origem ao porto. Além disso, "exportar", nesse contexto, não significava, necessariamente, enviar o que quer que fosse para outros países. Podia ser referência ao comércio entre diferentes províncias do Império.
Vejam, leitores, que sendo tão pobre a pauta de exportações, será justo considerar que não podia ser grande coisa a de importações. Afinal, quem não vende também não tem como comprar. Mas esse cenário logo iria sofrer uma mudança radical. Causas? Café e ferrovias.
Quando as lavouras de café atingiram o chamado "oeste paulista", a produção explodiu. Havia mercado, as exportações de café cresceram, mas a dificuldade de escoar a produção até o porto de Santos era enorme, sem falar no quanto a mercadoria, transportada por muares, se deteriorava, exposta às intempéries, até que, serra abaixo, finalmente fosse embarcada.
A implantação de ferrovias mudou esse cenário (¹). O café podia ir em maior quantidade, de lugares mais distantes (onde as condições de clima e solo eram favoráveis à lavoura), e chegava ao porto mais rápido e sem grandes danos. O custo do transporte ferroviário compensava. E, maiores vendas, maiores lucros... As importações cresceram (²), com um número significativo de artigos de luxo para atender à demanda dos novos senhores do café e de suas famílias. A urbanização tomou impulso, a vinda de imigrantes foi considerada uma solução para a crescente demanda por mão de obra. Grandes transformações, é verdade, e, junto delas, novos problemas (como sempre acontece), alguns deles tão teimosos que persistem até hoje.
(1) A inauguração completa da ferrovia entre Santos e Jundiaí pela São Paulo Railway Company ocorreu em fevereiro de 1867.
(2) Uma ideia das importações e exportações a partir da implantação de estradas de ferro pode ser obtida pela leitura da seguinte postagem: O que se transportava nas ferrovias paulistas no Século XIX.
(1) A inauguração completa da ferrovia entre Santos e Jundiaí pela São Paulo Railway Company ocorreu em fevereiro de 1867.
(2) Uma ideia das importações e exportações a partir da implantação de estradas de ferro pode ser obtida pela leitura da seguinte postagem: O que se transportava nas ferrovias paulistas no Século XIX.
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