Um bandeirante, de acordo com a decoração externa (em azulejos) da Igreja Matriz de Santo Antônio em Paraibuna - SP |
Chamamos hoje "bandeirantes" aos homens que, nos Séculos XVII e XVIII, fosse para aprisionar índios, procurar ouro e pedras preciosas ou ainda realizar ataques encomendados contra quilombos, metiam-se sertão adentro, sem prazo determinado para retornar à sua vila natal, que podia ser São Paulo, Santana de Parnaíba, Taubaté, Sorocaba ou qualquer outra na então Capitania de São Vicente. Ficavam anos e anos no mato, o que resultava, frequentemente, que alguns morressem antes de tornar a casa. Em tempos de uma certa religiosidade, nos quais pensava-se que ser sepultado em campo consagrado era condição essencial para que a alma pudesse chegar algum dia ao paraíso (gente assim já dava o purgatório como coisa assegurada...), julgava-se importante que o bandeirante falecido em campanha pudesse receber um funeral cristão. Mas como?
A engenhosidade intervinha nesse caso, de modo que os que lhe sobreviviam, filhos ou outros parentes, realizavam o que se chamava de embalsamamento do sertão, que consistia no seguinte procedimento: o morto era enterrado em cova rasa, sobre a qual acendia-se uma fogueira que devia arder ininterruptamente, até que do cadáver restassem tão somente os ossos. Começava aí a segunda parte do processo, na qual os ossos eram desenterrados e limpos, depois do que recebiam a conveniente mortalha (que os bandeirantes, precavidamente, levavam em suas viagens). Um saco de couro ou mesmo um baú podia ser seu invólucro temporário, até que, finda a expedição, os companheiros do falecido retornassem à povoação de origem e, com todo o cerimonial religioso costumeiro, os ossos fossem finalmente depositados no túmulo definitivo, quase sempre no interior de uma igreja ou capela.
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