Dentro do conjunto de ideias do que poderíamos chamar "ideal republicano" que, no Brasil, passou a ser visão política oficial a partir de novembro de 1889, encontra-se o pensamento de que a escola não poderia estar restrita à atribuição de apenas transmitir alguns conhecimentos (como leitura, escrita e noções de aritmética), mas deveria ser o instrumento para a propagação dos valores cívicos, ou seja, deveria ser um centro de formação de seres humanos para o pleno exercício da cidadania, dentro do novo regime que se instaurara.
Nesse sentido, as primeiras décadas da República viram propagar-se os "Grupos Escolares", ao menos nas regiões mais desenvolvidas economicamente, nos quais, ainda que em tese, a vida diária deveria marchar de modo a reproduzir a vivência em sociedade em sua forma mais ampla. Procurava-se, através de músicas apropriadas, incutir valores como patriotismo e laboriosidade (a prática ganharia forte impulso durante a Era Vargas), além de dar importância à realização de trabalhos manuais como instrumento de formação do caráter, tornando claro ao educando que trabalhar era indispensável à dignidade humana e não alguma coisa que deveria ser evitada a todo custo.
A proposta - malgrado um certo direcionamento ideológico, até excessivo, às vezes - parecia interessante em um país que há pouco saíra da escravidão (daí a importância da valorização do trabalho manual), que precisava preocupar-se em alfabetizar a imensa maioria da população para então torná-la cidadã e que, além disso, tinha de enfrentar a questão de como amalgamar a multidão de imigrantes que não parava de chegar, de modo a formar um todo coeso a que se pudesse chamar de sociedade brasileira.
A proposta - malgrado um certo direcionamento ideológico, até excessivo, às vezes - parecia interessante em um país que há pouco saíra da escravidão (daí a importância da valorização do trabalho manual), que precisava preocupar-se em alfabetizar a imensa maioria da população para então torná-la cidadã e que, além disso, tinha de enfrentar a questão de como amalgamar a multidão de imigrantes que não parava de chegar, de modo a formar um todo coeso a que se pudesse chamar de sociedade brasileira.
Belíssimo ideal, que continua ou, ao menos, deveria continuar, mutatis mutandis, a ser perseguido ainda hoje. Se é verdade que estamos já longe, cronologicamente, da escravidão, também o é que necessitamos mais do que nunca mostrar às jovens gerações a importância da excelência profissional; se o analfabetismo reduziu-se consideravelmente e o acesso ao ensino básico tornou-se universal, ainda é preciso avançar em compelir os pais a manterem seus filhos na escola, sejam quais forem as circunstâncias e, finalmente, embora o movimento migratório não tenha cessado (mudou somente a origem e a intensidade), a busca de uma sociedade efetivamente coesa no que se refere aos interesses nacionais continua a ser um desafio.
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