Navegadores dos Séculos XV e XVI nem sempre sabiam em que lugar estavam

Um fato que chama a atenção nas navegações dos séculos XV e XVI é que os marinheiros pareciam nunca saber exatamente onde estavam, a menos que suas embarcações "andassem a vista de terra" já conhecida. Veja-se, por exemplo, no Diário da Navegação de Pero Lopes de Souza pela Costa do Brasil até o Rio Uruguai (¹), de 1530 a 1532, p. 10:
Além disso, na página 16, encontramos o seguinte registro:

E mais adiante, ainda na p. 16:
"Segunda-feira 30 dias do mês de janeiro tomei o sol: e estava na altura do cabo de Santo Agostinho; e íamo-lo a demandar pelo rumo de oeste. Este dia não correu pescado nenhum conosco, que é sinal nesta costa de estar perto de terra; e outro nenhum não tem senão este."
Veja, leitor, o documento a que me reporto é de 1530 a 1532 - depois das viagens de Colombo, da de Vasco da Gama às Índias, da de Cabral ao Brasil, mesmo após a de circunavegação (Fernão de Magalhães - Delcano). E, a despeito de todo o conhecimento técnico e prática acumulados, as viagens eram ainda assustadoramente inseguras. Você empreenderia alguma viagem nessas condições? Os navegadores - incríveis navegadores - o fizeram.
(2) Velas pequenas.
(3) Termo náutico, com o mesmo significado de sotavento, que é atualmente mais empregado.
(4) Ou Noronha.
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