Bandeira do Brasil como Reino Unido a Portugal e Algarves (²) |
Mas, como já expliquei aqui no blog, nesse tempo, e até muito depois, as notícias andavam um tanto devagar, de modo que foi somente em 24 de janeiro do ano seguinte, 1816, que a Câmara de São Paulo decidiu enviar representantes que beijassem a mão do príncipe regente D. João por tão valiosa decisão:
"[...] Na mesma [vereança] se acordou de mandar uma deputação beijar a mão a Sua Alteza Real pela mercê de ter elevado o Brasil à graduação de Reino, e pedir ao mesmo senhor para ser solenizado o dia 16 de dezembro com uma festa na catedral desta cidade [...]." (³)
A questão, agora, era resolver quem seriam os indicados para a honra de beijar a mão do príncipe. Questão discutida, decisão tomada: "[...] nomeou para deputados o atual vereador, o tenente Antônio Cardoso Nogueira, e ao pretérito vereador, o tenente Antônio Francisco Gonçalves dos Santos Cruz [...]". Supõe-se que D. João, que parecia ser tolerante, e até gostar das longas filas de beija-mão, tenha apreciado a homenagem.
Uma dentre as várias moedas que circularam no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (⁴) |
Em 21 de fevereiro de 1816 a Câmara de São Paulo lembrou-se ainda de enviar ao Rio de Janeiro um ofício sobre o mesmo assunto: "Nesta enviou-se um ofício a Sua Alteza Real, e outro ao senhor Marquês de Aguiar, que esta Câmara manda em agradecimento de Sua Alteza Real dignar-se elevar estes Estados do Brasil a Reino. [...]". Seria apenas mais uma formalidade, entre as muitas que cercavam a realeza, a não ser por uma razão: a elevação do Brasil a Reino, quando a sede da monarquia ainda se encontrava no Rio de Janeiro, estava, aos poucos, pavimentando o caminho da independência política, da ruptura com o domínio português. Mas isso sabemos nós, que vivemos mais de duzentos anos depois. Não era consciência geral na época, ainda que seja razoável admitir que alguns a tivessem.
(1) Restava-lhe pouco tempo nessa dignidade: faleceu em 20 de março de 1816.
(2) Cf. SOUSA, Alberto. Os Andradas, Vol. 1. São Paulo: Tipographia Piratininga, 1922. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(3) Os trechos de atas da Câmara de São Paulo aqui citados foram transcritos na ortografia atual, com adição da pontuação indispensável à compreensão.
(4) Cf. FERNANDES, Manuel Bernardo. Memória das Moedas Correntes em Portugal, Desde o Tempo dos Romanos Até o Ano de 1856. Lisboa: Tipographia da Academia, 1856, p. 301. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
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