sexta-feira, 1 de abril de 2016

Ano-novo em Babilônia

Você gosta dos festejos de ano-novo? Os antigos babilônios também gostavam. Entre eles, porém, a data que marcava o começo de um novo ano tinha um significado religioso especial.
Na época do Segundo Império Babilônico a mais importante divindade era Marduk (*), a quem, se usarmos uma linguagem de nossos dias, poderíamos chamar de "padroeiro de Babilônia". É claro que, dentro de uma cultura politeísta, havia também muitos outros deuses, que também eram alvo da devoção popular - uns mais, outros menos.
Pois bem, de acordo com a mitologia da Mesopotâmia, Marduk era pai do deus Nebu, uma divindade cuja ação estava associada à previsão do futuro, ao trabalho intelectual e às investigações que, na lógica de Babilônia, podiam ser consideradas científicas. Além de tudo isso, Nebu era visto como um mensageiro dos deuses, aquele a quem todo o panteão de divindades da Mesopotâmia encarregava de trazer mensagens reveladoras aos seres humanos. Não será difícil compreender, portanto, que os escribas tinham em Nebu o seu patrono, de tal modo que, em muitas representações daqueles tempos, esse deus aparecia com uma tabuinha de argila nas mãos, exatamente como as que eram usadas para grafar os textos em escrita cuneiforme.
Já houve quem tentasse associar Nebu às divindades gregas Hermes e Apolo, mas a ligação fica restrita ao terreno das especulações.  
Pois bem, se Babilônia era a orgulhosa protegida de Marduk, Nebu era particularmente cultuado em Borsipa. É justamente aqui que entra a questão das festanças de ano-novo: no princípio de cada ano a estátua que representava Nebu era levada, em solene procissão, desde Borsipa até o templo de Marduk em Babilônia. O evento era acompanhado de todos os ingredientes habituais que as festas costumavam (ou costumam) ter. Depois que tudo acabava, a estátua voltada para a tranquilidade de seu templo em Borsipa. Com a ajuda dos homens, naturalmente.

(*) Existe uma tendência de aportuguesar os nomes das divindades de Babilônia, de modo que o deus Marduk ou Maruduk também pode ser grafado "Marduque", enquanto que o deus Nebu também pode ser Nebo. Prefiro as formas Marduk e Nebu por considerá-las uma transliteração mais adequada.


Veja também:

2 comentários:

  1. A distância era grande? Bem, podemos dizer que foram os antepassados das procissões católicas.
    No domingo de Páscoa, fomos à terra do meu marido, em Trás-os-Montes. Não consigo deixar de me encolher quando vejo toda a gente a beijar a cruz sem uma desinfecção da dita? Bem sei que devoção não se explica, eu não sou particularmente religiosa, etc. Mas do ponto de vista de saúde pública, acho aquilo horrível. Alguns padres ainda trazem um pano, que passam na cruz após uma pessoa a beijar mas, este ano, nem isso. O meu marido diz "nunca ninguém morreu por causa disso", mas eu tenho sérias dúvidas...
    Abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem, os jornais têm noticiado que, no Brasil, devido a um surto de gripe H1N1, há recomendação para que na comunhão a hóstia seja entregue apenas nas mãos (e não na boca), além da adoção uma série de outras medidas de higiene, que não deveriam estar restritas às missas, claro.
      Todos temos o dever de respeitar as convicções alheias, ainda que nos pareçam estranhas, mas é certo que cuidados com a saúde são importantes e devem sempre ser levados em consideração.

      Excluir

Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.