domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cajus e cajueiros - Parte 2

A castanha de caju e seu uso nos tempos coloniais


Como seu viu na postagem anterior, o Padre Simão de Vasconcelos era um verdadeiro entusiasta do caju, fruta (¹) nativa do Brasil. Segundo ele, a castanha do caju era muito útil aos índios, mas também logo foi utilizada para substituir, no Brasil, uma especialidade lusitana, as amêndoas confeitadas, que tanto deviam apreciar os colonizadores já saudosos do Reino:
Castanha de caju (³)
"As castanhas têm semelhança de rins de lebre. Enquanto verdes fazem delas guisados. Depois de maduras, assadas são comer doce e suave, iguais às nozes de Europa. Confeitam-se a modo de amêndoas, e em falta destas suprem a matéria dos doces secos." (²)
Uso semelhante relatou Frei Vicente do Salvador, em sua História do Brasil (c. 1627), ao expressar, talvez com algum exagero, que as castanhas eram, para os indígenas, como pão: "...de pão lhes servem umas castanhas, que vêm pegadas a esta fruta, que também as mulheres brancas prezam muito, e secas as guardam todo o ano em casa para fazerem maçapães e outros doces, como de amêndoas."

(1) Veja, sobre o fato de ser o caju um pseudofruto, o que se explica na postagem anterior, "Cajus e cajueiros - Parte 1".
(2) VASCONCELOS, Pe. Simão de. Notícias Curiosas e Necessárias das Cousas do Brasil. Lisboa: Oficina de Ioam da Costa, 1668, p. 262.
(3) PISO/PIES, Willen et MARKGRAF, Georg. Historia Naturalis Brasiliae. Amsterdam: Ioannes de Laet, 1648. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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