terça-feira, 31 de maio de 2011

Abastecimento de água - da Antiguidade aos tempos do Brasil Colonial

Nós que vivemos no século XXI nos esquecemos, por vezes, de quão difícil podia ser a vida diária das pessoas de outras épocas. Difícil, antes de mais nada, em questões básicas de sobrevivência, como era, por exemplo, o abastecimento de água.
Na Antiguidade - todos sabemos - muitas civilizações tiveram suas origens relacionadas a um determinado rio, de onde retiravam a água necessária à vida e com a qual também irrigavam os campos. Servia o rio, naturalmente, como via de transporte, quando as estradas eram praticamente inexistentes. Não que fosse impossível haver civilização sem um grande rio, mas, nesse caso, adaptações importantes eram necessárias, o que podia significar, talvez, a domesticação de animais que sobrevivem longo tempo com pouca água: camelos!
É verdade que algumas civilizações, como é o caso dos romanos, mas não exclusivamente, chegaram a desenvolver sistemas altamente complexos para trazer água, mesmo de longe, a fim de assegurar um suprimento contínuo e de boa qualidade. Entretanto, em caso de guerra, a maioria das cidades do passado preferia que sua fonte de água estivesse dentro dos muros, o que significa garantir o abastecimento interno, em caso de sítio, dificultando, por outro lado, a vida dos inimigos invasores.
Uma alternativa, que sempre permitiu ter água mais perto, era a construção de poços. Ainda assim, se o poço era de uso comunitário, era preciso ir buscar água usando grandes jarros, quase sempre de argila, o que significava um trabalho pesado (literalmente) e cansativo. De qualquer modo, os poços podiam ser indispensáveis e procurava-se mantê-los sempre nas melhores condições, já que a vida de comunidades inteiras chegava a depender deles. Não é à toa que, na Idade Média, quando as causas verdadeiras das epidemias eram desconhecidas, costumava-se supor que proviessem do envenenamento dos poços por gente com poderes malévolos. Aliás, uma das mais terríveis acusações que se podia fazer contra alguém era justamente a de que houvesse envenenado o poço ou fonte de que uma povoação se servia, acusação que quase sempre redundava em pena de morte.
Chafariz da Cidade de Goiás - GO
Muitas cidades coloniais brasileiras ainda preservam seus antigos chafarizes. Mesmo que não sejam mais necessários, são conservados pelo aspecto pitoresco que conferem a essas localidades, nas quais o turismo representa uma parcela importante das atividades econômicas. Quem os observa, logo se dá conta de um detalhe: eram (ou são) grandes, espaçosos... Por quê? Ora, por uma razão bem simples: neles a população se servia da água de que precisava, mas neles também bebiam cavalos e mulas, sempre sedentos ao final de suas jornadas, além, é claro, de outros animais. Não se deve esquecer que esses eram dias nos quais o transporte terrestre de mercadorias era feito nas costas dos animais de carga. Regras de higiene, como hoje as entendemos, determinando que homens e animais bebessem em locais distintos, eram ainda desconhecidas da maioria da população. Só mais tarde é que se recomendaria que porcos e galinhas não frequentassem as imediações.

Detalhe do chafariz da Cidade de Goiás, no qual se vê a data
de inauguração, 1778.

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