quinta-feira, 18 de maio de 2017

Inimigos derrotados pelos romanos preferiam a morte ao aprisionamento

Os romanos amavam os triunfos, grandes desfiles militares em que eram homenageados os comandantes vitoriosos e seus soldados. Os inimigos vencidos não tinham, de modo algum, o mesmo apreço por essas ostensivas demonstrações de força. Nada de bom esperava os derrotados: presos por correntes, eram obrigados a acompanhar o carro triunfal. Às vezes eram brutalmente arrastados.
Diante dessa perspectiva terrível, não eram poucos os que, na iminência da derrota, preferiam o suicídio. Uns poucos exemplos, mencionados por Aneu Floro (¹) em Epitome rerum Romanarum serão útil esclarecimento:
  • No último cerco a Cartago, ao final das Guerras Púnicas (²), foram os próprios moradores que atearam fogo à sua capital, de modo que os romanos nada tivessem para levar ao triunfo - muitos cartagineses se lançaram às chamas, que, segundo Floro, arderam incessantemente por dezessete dias.
  • Palavras de Floro, relativamente à guerra na Espanha: "Não restou, da Numância, um único para ser acorrentado, não sobrou botim de guerra e as próprias armas foram queimadas. O triunfo só se fez de nome." (³)
  • Quando Roma fez guerra contra a ilha de Creta, a pretexto de que seus habitantes teriam favorecido Mitridates, rei do Ponto e inimigo de Roma (⁴), muitos cretenses ingeriram veneno, já que não queriam cair nas mãos dos romanos.
  • Um caso menos numeroso e mais famoso: Marco Antônio e Cleópatra cometeram suicídio para evitar que, aprisionados, fossem submetidos à terrível humilhação que os aguardava no triunfo de Otávio, o mesmo que mais tarde seria chamado César Augusto (⁵).
Apenas para que os leitores tenham uma ideia do que acontecia a quem era capturado vivo, basta citar o caso de um bárbaro, também mencionado por Floro:
"Teutobocus não encontrou um cavalo para fugir e, aprisionado, foi arrastado no triunfo, proporcionando um espetáculo notável, porque sua altura ultrapassava a de todos os troféus de guerra." (³)
Ao final do triunfo, como é do conhecimento dos leitores, os derrotados eram executados ou escravizados. Há, no entanto, registro de alguns casos especiais em que vencidos foram libertados.

(1) Aneu Floro viveu entre os Séculos I e II d.C. e foi contemporâneo do imperador Adriano.
(2) 264 - 146 a.C.
(3) Os trechos citados de Epitome rerum Romanarum são tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(4) O próprio Aneu Floro dizia que a acusação era inverídica.
(5) Aquele que é reconhecido como o primeiro imperador de Roma.


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