domingo, 31 de março de 2013

A invenção da fotografia e seu impacto na sociedade

A invenção da fotografia alterou para sempre o comportamento público e as relações em sociedade. Antes dela, alguém podia, por exemplo, participar de uma manifestação contrária ao governo e simplesmente alegar, depois, que não estivera lá (a menos, é claro, que fosse preso em flagrante, o que não era nada incomum, nos dias dos monarcas absolutos). Sim, uma testemunha podia dizer que tal pessoa lá estivera, mas as testemunhas sempre podem acabar mentindo, embora não devam fazê-lo. A fotografia pôs fim a isso. Uma imagem fotográfica podia, no fim das contas, ser decisiva para absolver ou condenar alguém.
Ninguém mais podia esperar privacidade, de fato, se houvesse alguma câmera presente. Isso, a despeito de, naturalmente, desde o início, ter-se trabalhado na manipulação de imagens.
Por outro lado, sempre foi comum que governantes, nos mais diversos regimes, negassem que rebeliões e outras formas de insatisfação popular estivessem ocorrendo. Ora, com a popularização da fotografia, as "mentiras oficiais" tornaram-se mais difíceis. Sempre havia a possibilidade de existir alguém por perto em condições de registrar fotograficamente, e, portanto, documentar, a ocorrência daquilo que as autoridades procuravam, em vão, desmentir. Quem hoje vir reproduções de fotografias feitas pela época do movimento cartista (¹), na Inglaterra do Século XIX, certamente entenderá o significado disso. 
Câmera fotográfica antiga (não tão antiga
quanto 
os tempos a que esta
 postagem se refere...) - Museu

Ferroviário de Jaguariúna, SP
Não se pode, porém, esquecer que os equipamentos usados nesses tempos eram algo desajeitados e pesadões, com pouca ou nenhuma mobilidade. As técnicas de revelação, por sua vez, eram complicadas demais para "gente comum". Não era, pois, todo mundo, que podia ver uma fotografia e dizer: "Ei, eu também quero fazer isso!"
As primeiras fotos registravam, comumente, paisagens, campestres ou urbanas, mas não pessoas, o que acontecia por uma razão bem simples: o tempo de exposição requerido podia chegar, dependendo das condições de iluminação, a dez ou quinze minutos. Como fazer um sujeito ficar imóvel por tanto tempo para ser fotografado?
Mas o aperfeiçoamento dos equipamentos e técnicas acabaria encurtando drasticamente o tempo de exposição, de modo que tanto retratos de estúdio quanto o registro de manifestações de rua ou ainda cenas de batalha tornaram-se possíveis. Pela altura da Guerra de Secessão (²), por exemplo, as fotografias de lances do combate já eram uma realidade.

(1) A partir dos anos 30 do Século XIX e, portanto, mais ou menos concomitante ao nascimento e progresso da fotografia.
(2) 1861 - 1865.


Veja também:

6 comentários:

  1. Olá, Marta!
    Descendo, pelo lado paterno, de um português(meu bisavô), que chegou ao Ceará, por volta de 1840, vindo da Ilha de São Miguel dos Açores. Antes porém,teria passado por Paris de rendido a técnica de Daguerre(daguerreótipo). Temos,alguns daguerres feitos por ele, inclusive um seu auto-retrato.

    Tenho um blog - Da Cadeirinha de Arruar - em que que já publiquei uma matéria sobre minha família, na qual consta o "tal" daguerreótipo.

    João Francisco de Oliveira, o bisa, foi considerado por críticos da época, o "mestre dos muitos ofícios". Além de fotógrafo, foi escultor, arquiteto, músico (fabricou órgãos) e outras mais artes...Foram muitos, os açorianos vindo para o Ceará, contratados pelo Imperador.

    No memento, estou publicando uma série sobre a minha terra - "Ceará, cidades de A a V" - apareça, por lá, terei imenso prazer em ter a visão de uma historiadora, "sentada" na Cadeirinha de Arruar".

    Um abraço,
    da Lúcia

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    1. Minha amiga, seu blog é muiiiiiiito interessante! Há tanta coisa boa, que é impossível ver tudo em uma única visita. Portanto, é certo que irei lendo o que já está publicado, e também o que for saindo de novo. Fica aqui o link pra quem quiser andar por lá: http://dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br/
      A história de sua família constitui verdadeira saga. Já pensou em escrever um romance histórico? Tenho absoluta certeza de que público leitor é que não faltaria. Poderia até virar filme...

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    2. Curiosa, vim "espiar" se havia uma resposta. Obrigada, pelo seu comentário, incentivador, e por indicar o link. Já tive muita vontade de escrever um livro, sobre a saga da família, hoje, no "outono" da vida, me contento em mostrar um pouco pela Cadeirinha...
      Sou membro de um grupo "Alfarrábios" (rede social na net) e vou compartilhar postagens suas que considere pertinente.

      Parabéns, pelas mais de mil visualizações!

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  2. Rsrsrs... Que história é essa de "outono da vida"? Não, senhora, trate de pensar no livro, que eu quero ler, quando ficar pronto. Vou ser a primeira leitora, assim que for publicado, certo?
    Obrigada por compartilhar as postagens, e volte sempre!

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  3. Vou (re)começar a (re)pensar no assunto. Obrigada, pela força.
    Mas, voltei também para pedir desculpas pelo lapso sobre as visualizações do seu blog...esqueci do CEM, antes do mil, quando lhe dei os parabéns, aí em cima rsrs
    Voltarei,um abraço!

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    1. Hmmm, fico muuuuuuito feliz por repensar o assunto do livro. Então, já estou esperando por ele.

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