Catedral de N. Sra. do Amparo (Amparo - SP)
Chegamos, leitor, à última postagem da série A Arquitetura Sacra Paulista e Mineira nas Regiões Cafeeiras. Depois de passear por várias cidades, visitaremos a Catedral de Nossa Senhora do Amparo, na cidade de Amparo - SP. É certo que haveria muitas outras cidades e suas igrejas a percorrer, mas algum tipo de seleção é sempre inevitável e, neste caso, valeram minhas preferências...
A primeira capela de Nossa Senhora do Amparo é datada de, aproximadamente, 1824 (muito antes, portanto, da expansão cafeeira, ocorrida a partir de 1850), e foi erigida em um terreno cedido por João Bueno da Cunha. Percebe-se, porém, o quanto o café foi decisivo para o estabelecimento de um núcleo urbano significativo quando consideramos a cronologia subsequente: a construção da igreja matriz ocorreu entre 1855 e 1878, constando que a imagem de Nossa Senhora do Amparo veio do Porto (Portugal), por solicitação de dona Anna Cintra, a Baronesa de Campinas. Ampliação posterior (início do século XX) acrescentou as duas torres. Os quadros a óleo são de Benedito Calixto. Bem mais recente é a elevação a catedral, ocorrida no ano de 1997.A título de conclusão...
Julgo conveniente, ao concluir esta série, fazer um breve inventário dos padrões observáveis em relação ao assunto em análise. Vejamos, pois.
1. Como regra geral, uma capela é construída em uma fazenda ou outra área (quase) desabitada, e uma povoação vem a formar-se irregularmente ao redor dela. Uma exceção notável a esse modelo é a da Igreja de Santa Maria, em Jaguariúna, ao redor da qual foi estabelecida a Vila Bueno, devidamente planejada.
2. A capela primitiva, geralmente uma construção precária, é demolida para dar lugar a uma igreja de maior dimensão e solidez. Em alguns casos, a primeira igreja também é demolida e, em seu lugar, encontramos o templo atual (note-se que, provavelmente, ao demolir uma igreja para construir outra, não há qualquer consciência de que a anterior poderia significar algum patrimônio histórico digno de preservação).
a) Edifica-se a nave e posteriormente são acrescentadas torres e/ou cúpula;
b) A construção passa por uma ampla reforma que descaracteriza por completo o edifício original.
4. Em consequência da construção por etapas:
a) O estilo torna-se eclético, mas sem que haja tal intenção (seja por falta de planejamento, seja porque as modas são outras);
b) As igrejas iniciadas em tempos áureos do café apresentam alvenaria grandiosa. Se, no entanto, são concluídas após a grande crise de 1929, tendem a apresentar o acabamento interior bem mais modesto, ensejando reformas extremas, principalmente a partir dos anos 70, que por vezes resultam em completa descaracterização. Excetuam-se aqui os poucos casos em que o tombamento impede tais alterações.
5. Finalmente, vale lembrar que o padrão é a reforma, não a restauração. Sobre essa questão, todavia, voltarei a escrever em momento oportuno.
Veja também:
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 1
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 2
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 3
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 4
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 5
- A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 6


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