segunda-feira, 17 de maio de 2010

Preservação do patrimônio histórico: exemplo ruim, exemplo bom

Detesto quando alguém me diz: "Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Qual você quer ouvir primeiro?"
Entretanto, leitor, vou fazer algo parecido. Tenho dois exemplos de preservação do patrimônio histórico para mostrar, um ruim e um bom, e vou contar a você nessa ordem porque, afinal, em uma perspectiva otimista, espero que o bom, vindo por último, tenha mais chance de perdurar.
Águas da Prata é uma adorável cidadezinha no interior de São Paulo, próxima à divisa com Minas Gerais. Como quase todo mundo sabe, é famosa pelas fontes de água mineral, pelo clima, pelas trilhas na mata, pelo bolo de milho...
Pois bem, como centro turístico que é, seria muito importante que seu patrimônio histórico merecesse toda a atenção. Seria. Placas por toda a cidade dizem que "preservar seus pontos turísticos é a medida da civilidade de um povo". Mas o caso é que, pelo menos no que se refere à estação ferroviária local, não é o que acontece.
Vamos começar pela placa de identificação do prédio. Veja você mesmo, leitor, e tire suas conclusões.


Antes de alguma outra coisa, o texto é de causar alergia instantânea em qualquer professor de português, por mais modesto que seja. Além disso, nele não consta a data de inauguração do trecho correspondente pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro - presumo que seja 1886, porque foi nesse ano que o ramal ligando Aguaí (então chamada Cascavel) a Poços de Caldas, em Minas Gerais, foi inaugurado, o que, incluiria, necessariamente, a passagem por Águas da Prata.


Tratemos agora do estado de conservação do prédio. Não preciso de muitas palavras, as fotos falam por si mesmas. E, para meu espanto, há no local uma outra placa, datada de dezembro de 2008, identificando-o como "Espaço Cultural de Águas da Prata". O mínimo que posso dizer é que já passou da hora de haver uma restauração decente, comandada por profissionais especializados, que deem à antiga Estação Ferroviária um aspecto capaz de orgulhar a população pratense, além de encantar os turistas.


Agora, leitor, o exemplo positivo de preservação do patrimônio histórico. Veja só a foto. Se você for um pouco mais velho, talvez isso lembre algo bom de sua infância, dos tempos da televisão em preto e branco.


A viatura, lindamente restaurada, está estacionada ao lado do posto da polícia rodoviária estadual, na saída de Águas da Prata em direção a São Paulo. Só por isso, já é uma tentação parar para fazer uma foto, mas vale acrescentar ainda o excelente atendimento do policial rodoviário de plantão. É bonito de se ver, para crianças e adultos, e obviamente contribui para fazer brilhar a imagem da polícia rodoviária junto à população.
Como eu disse, um exemplo ruim e um bom. Que o bom prevaleça.

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