Na Roma Antiga o triunfo era a máxima homenagem concedida a um general vitorioso e suas tropas, que desfilavam com todos os objetos valiosos capturados ao inimigo derrotado. Não raro prisioneiros de guerra eram também arrastados diante dos vencedores, com a intenção de mostrar a força dos conquistadores, prevenindo rebeliões entre os povos dominados.
Tito Lívio (¹) assim descreveu o triunfo celebrado em honra de Lúcio Quíncio Cincinato, no ano 457 a.C.: "Os capitães do inimigo derrotado eram arrastados diante de sua carruagem; precediam-no as insígnias militares, vindo depois todo o exército carregando o botim de guerra." (²)
Representação de um triunfo romano (⁵) |
"Foi aquele triunfo, fosse pela grandeza do monarca vencido, pela beleza das estátuas ou pela quantidade de dinheiro conquistado, maior que nenhum outro, ultrapassando em magnificência todos os triunfos anteriormente realizados. No primeiro dia foram trazidas as estátuas conquistadas, carregadas em duzentas e cinquenta carruagens. O dia seguinte foi gasto em apresentar carruagens carregadas do que havia de mais belo e deslumbrante entre as armas macedônicas [...]. Em seguida, três mil homens transportavam setecentos e cinquenta vasos, repletos de prata amoedada [...]. Finalmente, no terceiro dia, o cortejo foi aberto pelos trombeteiros, seguidos por cento e vinte bois com chifres dourados e enfeitados com guirlandas. Vinha então o carro de Perseu, com suas armas e sua coroa, tendo atrás a multidão de prisioneiros, e em seguida os filhos do rei, acompanhados de seus professores. Depois dos filhos, vinha o próprio Perseu e sua mulher, atordoados por tanta desventura. Vinham depois quatrocentas coroas de ouro, mandadas como presente a Lúcio Emílio Paulo por quase todas as cidades da Grécia e da Ásia, como cumprimentos pela vitória. Por último, com grande majestade, tanto por seu aspecto digno como por ser idoso, vinha o próprio cônsul Lúcio Emílio sobre um carro triunfal. Seguiam-no homens ilustres, a cavalaria e as coortes pedestres, em sua respectiva ordem."(⁴)
Face a um revés em combate, a maioria dos inimigos de Roma recorria o suicídio, que na época era considerado uma saída honrosa. Se capturados vivos, os principais chefes políticos e militares vencidos eram, depois de devidamente acorrentados, submetidos à terrível humilhação de serem arrastados no cortejo do triunfo. Aliás, isso era apenas parte do processo de tortura, já que, ao cabo do trajeto, não era nada incomum que os inimigos fossem alvo das formas mais cruéis de execução.
É desnecessário dizer que, como espetáculo público, os triunfos eram apreciadíssimos em Roma. Além disso, é possível afirmar que, sob o aspecto político, tinham um propósito duplamente terapêutico:
a) Internamente, levantavam o ânimo da população e funcionavam como instrumento para assegurar o apoio dos governados, tanto entre as camadas populares como entre o patriciado;
b) No plano externo, ajudavam a impor o medo entre os povos vizinhos, fossem eles aliados de Roma ou derrotados propensos a um levante.
(1) 59 a.C. - 17 d.C..
(2) Ab urbe condita libri. O trecho citado é tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) Por haver derrotado a Macedônia, o cônsul Lúcio Emílio Paulo recebeu o apelido de "Macedônico".
(4) Pensem os leitores em que é que acabou o poderoso império do qual Filipe e seu filho Alexandre, o Grande, haviam sido expoentes.
(5) ROSSI, Filippo de. Ritratto di Roma Antica. Roma: Francesco Moneta, 1645, p. 192. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(3) Por haver derrotado a Macedônia, o cônsul Lúcio Emílio Paulo recebeu o apelido de "Macedônico".
(4) Pensem os leitores em que é que acabou o poderoso império do qual Filipe e seu filho Alexandre, o Grande, haviam sido expoentes.
(5) ROSSI, Filippo de. Ritratto di Roma Antica. Roma: Francesco Moneta, 1645, p. 192. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
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