Ao tempo em que, no Brasil, havia trabalho escravo, a manutenção da rotina diária era muito importante nas propriedades agrícolas, como forma de evitar rebeliões entre os trabalhadores submetidos a tão duras condições de vida. "Nada de novidades", parecia ser a regra fundamental.
O escravo recém-chegado era logo inteirado das obrigações que, quotidianamente, deveria executar, sempre sob os olhares atentos (e muitas vezes cruéis) dos feitores.
Isso não significa que todas as fazendas obedecessem à mesma rotina, mas havia uma certa semelhança, resguardadas diferenças decorrentes do tamanho da propriedade agrícola e do tipo de cultivo predominante.
Em visita ao Brasil (chegou em setembro de 1842), o Príncipe Adalberto da Prússia teve ocasião de ir até uma fazenda de café, não muito longe do Rio de Janeiro, a Capital do Brasil na época. Ali, fez um registro cuidadoso quanto à rotina dos escravos, observando horários que eram cumpridos, bem como a alimentação que recebiam:
"O trabalho na fazenda começa às quatro e meia da madrugada, depois de todos os escravos terem tomado café com açúcar. Às dez horas almoçam, constando o almoço de farinha de mandioca, arroz cozido ou milho. Às duas horas jantam e comem carne-seca (cuja maior parte vem de Buenos Aires) com arroz e farinha, se bem que na região costumam receber só carne e gordura de porco como alimentação animal comum, porquanto o transporte da carne-seca do Rio até aqui é muito caro." (¹)
Faço uma breve pausa para recordar a meus leitores o problema que, naqueles tempos, suscitavam os altos impostos com que era taxado o charque do Rio Grande do Sul que - tremendo absurdo - chegava a tornar mais vantajosa a importação de carne-seca da Argentina, como bem refere o autor de Brasil: Amazônia - Xingu. Mas é hora de prosseguir, já que, às duas da tarde, a jornada de um escravo estava longe de acabar. Continua o Príncipe Adalberto:
"Depois toca a trabalhar novamente até às sete horas da noite. Das sete às nove ceiam novamente arroz ou farinha de mandioca ou de milho, e de nove horas em diante é tempo de dormir; contudo em vez disto vêm as conversas em comum, quase sempre até depois da meia-noite." (²)
Em visita ao Brasil (chegou em setembro de 1842), o Príncipe Adalberto da Prússia teve ocasião de ir até uma fazenda de café, não muito longe do Rio de Janeiro, a Capital do Brasil na época. Ali, fez um registro cuidadoso quanto à rotina dos escravos, observando horários que eram cumpridos, bem como a alimentação que recebiam:
"O trabalho na fazenda começa às quatro e meia da madrugada, depois de todos os escravos terem tomado café com açúcar. Às dez horas almoçam, constando o almoço de farinha de mandioca, arroz cozido ou milho. Às duas horas jantam e comem carne-seca (cuja maior parte vem de Buenos Aires) com arroz e farinha, se bem que na região costumam receber só carne e gordura de porco como alimentação animal comum, porquanto o transporte da carne-seca do Rio até aqui é muito caro." (¹)
Faço uma breve pausa para recordar a meus leitores o problema que, naqueles tempos, suscitavam os altos impostos com que era taxado o charque do Rio Grande do Sul que - tremendo absurdo - chegava a tornar mais vantajosa a importação de carne-seca da Argentina, como bem refere o autor de Brasil: Amazônia - Xingu. Mas é hora de prosseguir, já que, às duas da tarde, a jornada de um escravo estava longe de acabar. Continua o Príncipe Adalberto:
"Depois toca a trabalhar novamente até às sete horas da noite. Das sete às nove ceiam novamente arroz ou farinha de mandioca ou de milho, e de nove horas em diante é tempo de dormir; contudo em vez disto vêm as conversas em comum, quase sempre até depois da meia-noite." (²)
O trabalho escorchante e a péssima alimentação resultavam em uma expectativa de vida quase sempre muito baixa para os escravos obrigados a ocupar-se das tarefas de cultivo. Agregue-se a isso o tempo insuficiente de repouso e ter-se-á uma visão aterradora do que era ser escravo, a despeito do lampejo de sociabilidade insinuado pelas conversas que seguiam noite adentro. Alguns anos mais tarde, com a proibição do tráfico de africanos no Brasil, os senhores teriam de preocupar-se um pouco mais com a sobrevivência de seus escravos. O preço das "peças" sofreria considerável elevação, dependendo apenas do mercado interno.
Melhorou assim a vida dos escravos? Pouco ou quase nada. Escravos eram sempre escravos, e na privação da liberdade pessoal estava centralizada a desgraça desses trabalhadores. O mais era apenas consequência.
(1) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazônia - Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 130.
Melhorou assim a vida dos escravos? Pouco ou quase nada. Escravos eram sempre escravos, e na privação da liberdade pessoal estava centralizada a desgraça desses trabalhadores. O mais era apenas consequência.
(1) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazônia - Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 130.
(2) Ibid.
(3) SELLIN, Alfred Wilhelm. Das Kaiserreich Brasilien. Leipzig: Frentag, 1885, p. 177.
(3) SELLIN, Alfred Wilhelm. Das Kaiserreich Brasilien. Leipzig: Frentag, 1885, p. 177.
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