Houve alguma mulher que dirigisse capitania hereditária no Brasil? Sim, ao menos na menoridade do herdeiro, mas isto era exceção. Houve senhoras de engenho? Sim, mas eram exceção. Houve mulheres que comandavam fazenda e escravos na ausência do marido bandeirante em São Paulo? Certamente, embora, neste caso, até fossem numerosas. A maioria das mulheres do Brasil Colonial não tinha oportunidade de frequentar escola e, por isso, muitas não eram capazes sequer de assinar o próprio nome. Exceções? Algumas, como foi, por exemplo, uma religiosa mencionada por frei Antônio de Santa Maria Jaboatão em Novo Orbe Seráfico Brasílico (¹):
Por que esse costume bárbaro?
A justificativa da época é que assim se fazia para preservar a moralidade e honra da família. Citando mais uma vez frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, veja-se esta referência à casa de certo homem chamado Bartolomeu Nabo Correa:
"[...] Nunca teve o tempo ocioso porque ainda algum, que lhe restava dos seus espirituais exercícios e outras ocupações, o gastava em ensinar a umas a língua latina, que sabia muito bem, e a outras a doutrina cristã." (²)Contudo, muitas mulheres que viveram no Brasil Colonial tinham uma existência de prisioneiras na casa em que moravam, isso quando não eram obrigadas, pelos homens da família, a ingressar em um convento ou em um "recolhimento".
Por que esse costume bárbaro?
A justificativa da época é que assim se fazia para preservar a moralidade e honra da família. Citando mais uma vez frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, veja-se esta referência à casa de certo homem chamado Bartolomeu Nabo Correa:
"[...] vulgarmente se comparava a casa do capitão Bartolomeu Nabo Correa com a clausura do mais religioso convento de freiras capuchas, porque nunca lhe viram porta ou janela aberta, grande documento para os pais de famílias, tendo por certo que tanto perigo correm as mulheres vendo, como sendo vistas, pois pelas janelas dos sentidos entram as distrações dos cuidados." (³)Jaboatão contou esse caso horroroso na intenção de servir como bom exemplo, mas não se pode supor que toda família vivesse em tal exagero. Mas as mantilhas que quase todas as mulheres vestiam ao sair de casa e as gelosias que vedavam as janelas e varandas são testemunho poderoso das condições e limites impostos às mulheres dos tempos coloniais.
(1) Obra datada de 1757.
(2) JABOATÃO, Antônio de Santa Maria O.F.M. Novo Orbe Seráfico Brasílico, ou Crônica dos Frades Menores da Província do Brasil, Segunda Parte. Rio de Janeiro: Typ. Brasiliense, 1859, p. 774.
(3) Ibid., p. 686.
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