Guarás, aqui, é bom esclarecer, não são os "lobos", e sim aves litorâneas, de penas vermelhas (Eudocimus ruber), que causaram forte impressão nos colonizadores europeus. Há, por exemplo, o relato é do Padre Fernão Cardim, que acompanhou o visitador jesuíta, Padre Cristóvão Gouvêa, em suas viagens pelo Brasil, e refere-se a acontecimento do ano de 1585:
Guará, em ilustração do Século XVII (²) |
"Ao dia seguinte, depois de jantar, partimos para São Vicente, e caminhando três léguas por um grande e formoso rio cheio de uns pássaros vermelhos que chamam guará, dos formosos desta terra, os quais são como pegas; os bicos são de um bom palmo e na ponta revoltos, e têm mui compridas pernas; [...]. Vivem junto d'água salgada e nela se criam e sustentam." (¹)
Já no Século XIX, outro clérigo, o Padre Ayres de Casal, iria escrever em sua Corografia Brasílica:
"Os formosos guarás, que são numerosíssimos na proximidade do mar, onde só habitam, quando pousam em bando sobre alguma árvore seca ou despida de folhas, esta fica vistosíssima." (³)
Mas acrescentaria esta nota, obviamente triste:
"As espingardas têm feito maior destruição nestes viventes em três séculos do que as taquaras dos indígenas em toda a antiguidade." (⁴)
(1) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 1847, pp. 98 e 99.
(2) PISO/PIES, Willen et MARKGRAF, Georg. Historia naturalis Brasiliae. Amsterdam: Ioannes de Laet, 1648, p. 203.
(3) CASAL, Manuel Ayres de. Corografia Brasílica, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817, pp. 262 e 263.
(4) Ibid., p. 263.
Um glorioso descendente das aves que sobreviveram às taquaras e às espingardas |
(1) CARDIM, Pe. Fernão, S. J. Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica. Lisboa: Imprensa Nacional, 1847, pp. 98 e 99.
(2) PISO/PIES, Willen et MARKGRAF, Georg. Historia naturalis Brasiliae. Amsterdam: Ioannes de Laet, 1648, p. 203.
(3) CASAL, Manuel Ayres de. Corografia Brasílica, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817, pp. 262 e 263.
(4) Ibid., p. 263.
Veja também:
Aprendo tanto aqui! Que bela ave e que interessantes relatos...
ResponderExcluirPreciso compartilhar essa maravilha,
Não são bonitinhas essas aves?
ExcluirObrigada pela visita e por compartilhar.
Excelente blogue! Seus textos são muito interessantes. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada, Júlio.
ResponderExcluirCaramba, ainda bem que sobreviveram. Lindos.
ResponderExcluirObrigada por me ensinar um pouco mais sobre a maravilhosa riqueza brasileira.
Um abraço, um doce domingo
Ruthia d'O Berço do Mundo
Sobreviveram e não correm risco de extinção :-)))
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