terça-feira, 12 de julho de 2011

Esportes do passado e do futuro

Os esportes cedo demonstraram
seu 
potencial na propaganda. (¹)
Que me perdoem os que pensam diferente, mas acho que os esportes também estão sujeitos aos caprichos da moda. Tente imaginar, leitor, um mundo sem futebol - pode parecer impossível, mas já foi assim e poderá perfeitamente vir a ser novamente - quem é que pode adivinhar?
Se procurarmos no passado, encontraremos diversas modalidades das quais quase ninguém mais se recorda, enquanto outras, reputadas outrora como menos nobres, ocupam agora uma parte considerável dos cadernos esportivos dos jornais e revistas especializados. Ainda que alguém julgue tudo isso cultura inútil, é interessante saber que já houve, por exemplo, competições de salto em distância sem impulso (o atleta não corria para saltar) e salto em distância com pesos (esse os gregos apreciavam: o atleta carregava um peso em cada mão ao realizar o salto), modalidades que quase ninguém mais pratica, a não ser como parte do treinamento de algum outro esporte. A cada olimpíada, vemos esportes sendo testados e, se alguns permanecem, outros já não retornam na competição seguinte.
Por outro lado, mesmo modalidades mais duradouras passam por mudanças substanciais nas regras ao longo do tempo, de modo que praticantes de cem anos atrás talvez tivessem dificuldade em reconhecer os esportes que amavam se os vissem como são realizados hoje (e nem precisamos ir tão longe, basta comparar o voleibol de uns vinte anos atrás ao que se joga atualmente). 
Consideremos, também, as modificações introduzidas à medida que a indústria aperfeiçoa e desenvolve os materiais específicos de cada atividade esportiva. Para nós, que só conhecemos as raquetes de tênis de alta tecnologia, torna-se quase impossível disputar uma partida com as antigas raquetes de madeira, aliás nem tão antigas assim. Que dizer então da evolução pela qual passaram as chuteiras e bolas de futebol?
É nesse sentido que cabe bem a reflexão de que nossas maiores paixões esportivas, como atletas e/ou como torcedores, podem perder o encanto no futuro, como outras do passado já não significam nada para nós. Assinale-se ainda que nossas preferências estão profundamente ligadas à cultura e aos valores da época em que vivemos. O esporte, afinal, não é, ao menos nesse aspecto, muito diferente de outras facetas da história da humanidade.

(1) A CIGARRA, 15 de dezembro de 1924.

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