quarta-feira, 9 de junho de 2010

Casarão antigo e belo

Eu estava fazendo a foto que está ao lado desta postagem quando duas simpáticas vovós passaram perto e me perguntaram: "Por que você está tirando fotografia dessa coisa feia?"
Como você  deve imaginar, leitor, expliquei a elas que, como historiadora, tinha interesse em construções antigas que, aliás, acho lindas. Conversamos mais um minutinho, depois do que elas seguiram caminhando, aparentemente sem acreditar que eu, de fato, pudesse ver alguma beleza em um casarão velho e abandonado há bastante tempo, como a aparência sugere.
A questão é que, observando esse prédio antigo e, como se diz, caindo aos pedaços, começo a pensar: Esse casarão já foi novo e habitado - quem terá morado nele? Possivelmente terá sido palco de dias de glória - a época provável e a excelência da técnica da construção, a qualidade do madeiramento das janelas, que mesmo o total abandono não consegue apagar, os azulejos portugueses no alto da edificação, apontam para o período áureo, ainda que fugaz, da hegemonia cafeeira. Em seus aposentos, quem saberá dizer que saraus, que bailes se realizaram, que encontros políticos sigilosos podem ter acontecido para decidir os rumos do governo sob os interesses dos oligarcas rurais? Por que terá sido abandonado?
Não obstante, as casas, como as pessoas, envelhecem, mas não precisam perder o encanto. Para as vovós "essa coisa feia tem até uma samambaia horrível lá em cima". Para mim, tem a magia que só os casarões centenários podem guardar.

Observação muito importante: As casas, ao contrário das pessoas, podem ser completamente restauradas. Embora esse edifício em ruínas ainda possa esbanjar charme, uma restauração adequada acrescentaria muito ao patrimônio histórico da cidade à qual ele pertence e deveria ser considerada com seriedade.


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