sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

As pirâmides não são iguais

As pirâmides do Egito foram construídas como túmulos gigantescos para alguns faraós.
A imagem acima é uma representação delas feita no Século XIX (*).

Tenho visto frequentemente livros e programas de TV voltando a abordar a suposta semelhança entre pirâmides construídas pelas mais diversas culturas. A crermos nessas versões, a construção de pirâmides parece uma espécie de mania planetária, que, em essência, atende a um impulso humano por atingir o céu (ou retornar a ele, como querem alguns).
Cabe, no entanto, observar que a finalidade das pirâmides obedece a propósitos muito diversos - em alguns casos, são túmulos (como, obviamente, ocorreu no Egito Antigo), mas a maioria delas atende, de algum modo, à finalidade de templos. E vale acrescentar que, tanto quanto sabemos, as pirâmides do Egito jamais serviram como locais de culto ou peregrinação, funcionando antes como verdadeiras fortalezas para preservar os corpos mumificados dos faraós, tanto assim que, quando se mostraram incapazes de cumprir essa função, deixaram de ser construídas.
Por que, então, a forma piramidal?
Antes de mais nada, observamos que a forma estritamente piramidal ocorre apenas no Egito, onde a técnica arquitetônica permitiu tal avanço. Nos demais casos, encontramos, quase sempre, algo parecido a pirâmides escalonadas (em "degraus"). Mas essa semelhança talvez seja devida às limitações das técnicas de edificação, que somente permitiam construções de maior altura se cada andar tivesse uma área um pouco menor que a do andar imediatamente inferior. Observamos esse método de edificação até na descrição que consta na Bíblia, a respeito do célebre templo de Salomão que, aliás, estava muito longe de ter uma estrutura piramidal.
Portanto, a suposta universalidade das pirâmides é um fenômeno que ainda carece de estudos que ultrapassem os limites da superficialidade, rompendo com análises baseadas em meras aparências. Não é impossível que, em algum momento, venha a ser comprovada a existência de algum nexo entre todas essas construções, mas, no estágio atual de conhecimento, isso não acontece.

(*) CHESNEY, J. The Land of the Pyramids. London: Cassel & C., Limited, c. 1884. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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